Embora para muitos permaneça como uma novidade, a televisão digital já completa dois anos de operação no Brasil. Apesar de possuir uma qualidade de transmissão melhor, com suporte para imagens em alta resolução, ainda são poucas as pessoas que aderiram à tecnologia.
Isso acontece porque, para muitos, um simples incremento na qualidade de imagem não justifica o gasto necessário com receptores e aparelhos de alta definição. Afinal, para que gastar dinheiro em algo novo, se a programação obtida é a mesma?
Caso você caia nesse caso, saiba que agora há um bom motivo para investir em um receptor de sinal digital ou comprar aquela televisão de alta definição que estava adiando. Tudo indica que, ainda em 2010, deve estrear no Brasil a televisão digital interativa, que muda o papel do espectador em relação ao que é exibido na tela.
Informações extras sobre a programação assistida
Imagine o seguinte cenário: depois de um dia estressante de trabalho, você chega em casa e começa a assistir a uma partida de futebol após os 10 primeiros minutos do segundo tempo, com o placa de dois a zero.
Ao apertar um botão do controle remoto, é possível saber não só o momento do gol e o nome do jogador que o marcou, mas toda a escalação dos dois times. Isso sem contar com curiosidades como o histórico de partidas entre as duas equipes, número de faltas cometidas e jogadores famosos que já participaram de jogos semelhantes.
Enquanto você consulta as informações, o jogo continua passando no canto da tela e basta apertar outro botão do controle para voltar a exibi-lo em tela cheia. Embora isso seja algo restrito à internet atualmente, tudo indica que, em pouco tempo, será rotina para milhares de pessoas que se sentam diariamente em frente à televisão.
É justamente essa a grande atração da televisão digital: permitir que o telespectador interaja com o conteúdo mostrado na tela e ampliar o conhecimento obtido. Assim, é possível desde informações complementares como uma notícia, votar em enquetes em tempo real ou até mesmo comprar um brinco semelhante ao da personagem da novela.
Segundo Raymundo Barros, diretor da Central Globo de Engenharia, o setor de novelas, jornalismo e esporte são fortes candidatos para estrear o sistema interativo da emissora. Também há a possibilidade de criar-se um portal interativo, no qual os usuários terão acesso a notícias e entretenimento a qualquer momento.
Por que a interatividade demorou tanto a chegar?
A interatividade com a programação estará disponível para todos os aparelhos e receptores que trabalham com a recepção do sinal digital, seja em televisores domésticos ou até mesmo nos celulares de última geração. A demora para que essa opção se tornasse possível se deve ao tempo necessário para desenvolver um software adequado à produção de conteúdo digital para o público brasileiro.
Para que a interatividade seja possível, é preciso utilizar um middleware, programa instalado no receptor que serve como plataforma para a criação do conteúdo extra. Embora o middleware brasileiro (batizado como Ginga) já devesse estar pronto há um bom tempo, alguns problemas de propriedade intelectual forçaram os desenvolvedores a refazer grande parte do projeto.
Devido a esses obstáculos, o padrão Ginga só foi aprovado no final de 2009 pela UIT (União Internacional de Telecomunicação), o que deu carta branca para que as fabricantes possam desenvolver aparelhos que o utilizam.
O Ginga é composto de duas partes: a NCL, que atua como uma espécie de HTML, e outra baseada em Java, desenvolvida pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). A forma como essas partes são utilizadas depende do tipo de interatividade proposta por cada emissora – ou seja, nem sempre será necessário utilizar ambas.
A aprovação do Ginga foi o sinal verde para que as emissoras brasileiras passem a desenvolver formas de interatividade para suas programações. Embora uma data certa não tenha sido anunciada, tudo indica que, a partir de 2011, todas as emissoras que transmitem o sinal digital já terão alguma espécie de interação em suas programações.
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