A televisão faz parte da vida dos brasileiros há décadas, mas o modo como consumimos isso mudou bastante. Hoje, não existe mais a reunião em volta da TV para que as famílias inteiras assistam a seus programas favoritos. Os aparelhos mudaram, a distribuição do sinal mudou e até mesmo os locais onde assistimos mudou. É possível ver TV na sala, no quarto e até mesmo no ônibus, graças aos portáteis.
Mas será que o sinal de TV digital que chega aos smartphones é o mesmo que podemos receber em nossos televisores? A resposta é “sim”, mas também é “nem sempre”, e isso acontece porque o sinal de transmissão da televisão digital brasileira é dividido em vários segmentos – você vai entender isso com mais detalhes logo em seguida. Confira agora mesmo um pouco mais sobre os dois métodos de transmissão que são usados no Brasil.
ISDB-TB
O ISDB-TB é um padrão de transmissão de TV Digital Terrestre (também chamada de TV Digital Aberta), tendo sido desenvolvido aqui no Brasil e homologado pela Anatel no início dos anos 2000. Esse padrão é baseado em um protocolo japonês, sendo que as transmissões realizadas na América do Norte, Europa e restante da Ásia são feitas com outros protocolos.
Tanto aqui quanto lá, os vídeos transmitidos são codificados com base em H.264, sendo que a grande diferença está na reprodução de quadros por segundo nas transmissões de baixa qualidade — 30 fps para o Brasil e 15 fps para o Japão. Essa transmissão de baixa qualidade também é chamada de “1-seg”, que se diferencia muito do “full-seg” pela velocidade de transferência e também pela qualidade de vídeo e áudio.
A modulação da TV Digital no Brasil
Quando falamos sobre o padrão ISDB-TB, estamos falando diretamente sobre a forma como o sinal de televisão digital é modulado no Brasil. Com ele, cada canal de televisão envia a sua programação por um sinal dividido em 13 frações — sendo que a largura total da frequência do canal ainda possui outra parte com a mesma dimensão, sendo ela reservada para evitar interferências e conflitos. Essas 13 frações são chamadas de segmentos, e é daí que surgem os termos “1-seg” e “full-seg”.
Full-Seg
Como dissemos anteriormente, o canal digital é dividido em 13 segmentos. Deste número, 12 segmentos são a transmissão de sinal de alta resolução — com codificação de vídeo no formato MPEG-4 H.264 e áudio MPEG-4 AAC 2.0 ou 5.1, dependendo da própria emissora do sinal. Com todos os segmentos, é possível transmitir vídeos com várias resoluções, incluindo 1080i e 720p.
O seu televisor digital ou conversor digital é capaz de receber todos esses pacotes de imagens em alta resolução. O que vai variar é a reprodução delas no display da TV, uma vez que há aparelhos que possuem suporte para a resolução 1080i, por exemplo. Ou seja: os televisores recebem todos os segmentos das transmissões. É justamente daí que vem o nome “Full-Seg”.
One-Seg
Junto com o sinal dos 12 segmentos anteriores, um 13º segmento é responsável pelo carregamento do sinal digital de baixa resolução (320x240 pixels), que é recebido pela grande maioria dos dispositivos móveis — smartphones, televisores automotivos e outros portáteis. Ele “navega” pelo mesmo espectro do “Full-Seg”, mas é o único reconhecido por portáteis.
Importante: nesses portáteis também podemos incluir algumas placas de televisão usadas em computadores, por isso quem assiste à televisão por meio de notebooks ou desktops pode estar recebendo a qualidade do 1-seg em seus equipamentos. Também vale dizer que já existem celulares com suporte ao Full-Seg, como o Moto G 2015, o Galaxy Gran Prime Duos e o LG Prime Plus HDTV.
Por que alguns portáteis não recebem Full-Seg?
Você pode imaginar a recepção do sinal digital de um modo similar à transmissão de dados na internet. A diferença está no fato de que ele é enviado por antenas de altíssima potência, passando por fases de multiplexação, modulação e amplificação antes de ser levado das emissoras até a sua casa.
Assim como o sinal de internet, o sinal de TV Digital não pode exigir mais do que os equipamentos são capazes de processar ou mesmo receber. Se isso acontecesse, os consumidores veriam muitos travamentos e teriam problemas para assistir aos seus conteúdos favoritos.
Por exemplo: imagine alguém assistindo ao jornal enquanto volta para casa de ônibus. O veículo está em movimento, precisando adaptar sua recepção de sinal a todo momento. Quanto maior for a qualidade das imagens, maior será a demanda de recepção. Logo: um dispositivo sendo movido e ainda equipado com antena menor do que a das TVs pode não ser o mais adequado para receber o Full-Seg.
É exatamente por essa razão que existe o segmento de baixa qualidade. Ele é suficiente para os portáteis e para as propostas da tecnologia, sendo uma excelente forma de fazer com que os consumidores tenham acesso a um sinal com estabilidade, velocidade e qualidade superior à analógica.
E qual é o melhor padrão, afinal?
Como você já deve ter percebido, é bem claro que o Full-Seg é muito mais recomendado para televisores do que o One-Seg. Ele tem muito mais qualidade de imagem e traz suporte para transmissões bem mais completas. A vantagem do One-Seg está somente na facilidade de transmissão para portáteis e, nesse ponto, é muito mais recomendado do que o seu “irmão maior”.
Vale dizer ainda que nas grandes cidades, em que o sinal de TV Digital é abundante, torna-se possível assistir aos conteúdos transmitidos por Full-Seg mesmo em movimento. É por isso que algumas fabricantes já investem no suporte para isso em smartphones.
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