Muito se fala sobre o uso de novas tecnologias dentro da indústria médica e como isso poderá garantir uma vida mais saudável para todos. Porém, enquanto visionários comentam sobre holografia, bioimpressão e ultrassom 4D, o cidadão comum se pergunta: como ficam os wearables, os smartphones e outras soluções que já estão disponíveis para todos no mercado convencional?
Deixando de lado as projeções futuristas e baseando-se naquilo que já é uma realidade, a Avanade, empresa nascida de uma fusão entre a Accenture e a Microsoft, está organizando nesta semana a segunda edição do Industry Solution Week, um evento corporativo que visa apresentar inovações tecnológicas à indústria. O tema deste ano – “Saúde em Rede” – busca mostrar soluções específicas para a área médica, mas focando sempre no paciente.
De acordo com executivos da companhia, todas as demonstrações que fazem parte do evento são perfeitamente aplicáveis ao mercado brasileiro. Embora não seja aberta ao público, a exposição será visitada por uma grande variedade de setores, como hospitais, laboratórios, planos de saúde e até mesmo organizações governamentais ligadas ao setor. O TecMundo teve a oportunidade de visitar o espaço com antecedência para conferir de perto todas as essas inovações propostas para o segmento.
Propondo tendências
De acordo com Rene Parente, líder de saúde da Accenture, o que a companhia percebeu após estudar o mercado de saúde no Brasil é que ele está um tanto desregulado, ou seja, cada instituição está em um nível diferente na adoção de novas tecnologias. “O evento também pode ser entendido como um espaço de consultoria para que diferentes clientes possam entender como aquelas soluções podem ser adaptadas às suas necessidades”, explica.
Rene destaca ainda que um dos motes da exposição é justamente olhar para o sistema de saúde como uma cadeia conectada. “Quando olhamos para os melhores casos de sucesso ao redor do mundo, está sempre presente essa questão de troca de informações, ou seja, uma informação que circula em um sistema para que o médico possa ter plena ciência de tudo o que acontece com o paciente”.
Cenário simula o uso de tecnologias com foco em saúde dentro da residência do paciente
Tecnologia dentro de casa
A Avanade fez um excelente trabalho ao criar um ambiente para exemplificar o uso das soluções escolhidas. A experiência se inicia na casa do paciente, que acorda e percebe que teve uma péssima noite de sono através de sua smartband. Como se não fosse suficiente, o cidadão percebe que engordou (usando uma balança inteligente) e resolve se exercitar por conta própria, ignorando seu histórico familiar de problemas cardíacos.
Todos os dados coletados até aqui – qualidade do sono, histórico de peso, frequência cardíaca e derivados – são vistos de forma centralizada no HealthVault, plataforma online da Microsoft desenvolvida justamente para unificar informações de dispositivos inteligentes. O interessante é que tais dados também são sincronizados com o médico, que pode escolher ser alertado caso haja alguma irregularidade nas características biológicas do paciente.
No caso da demonstração, ao detectar que o indivíduo não dormiu bem e teve um pico de pressão alta, o profissional teve a oportunidade de ser proativo e já entrou em contato com o cidadão sugerindo que ele fizesse alguns exames. O agendamento é feito via aplicativo, através do qual o doente consegue descobrir quais os laboratórios mais próximos de sua residência, anexar documentos digitalizados e visualizar o trajeto até o local através de um GPS integrado.
Check-in em hospitais pode ser facilitado via leitor NFC
A modernização de laboratórios e hospitais
Ao chegar no laboratório, nada de preencher formulários ou atualizar dados cadastrais – basta encostar a mesma pulseira em um leitor NFC para que um totem de autoatendimento reconheça o visitante, informando-o sobre a sala para a qual ele deve se dirigir. O resultado dos exames, enviado por email ao paciente, pode ser discutido com o médico através de uma plataforma de comunicação baseada em Skype e totalmente online.
Soluções para casos mais graves também são demonstradas pela Avanade. Uma das mais bacanas é um software desenvolvido para ser o melhor amigo do indivíduo internado: através de uma tela sensível ao toque, ele consegue acompanhar a evolução do seu quadro clínico, requisitar uma enfermeira, fazer pedidos de refeições por um menu adaptado às suas necessidades e até mesmo aproveitar um filme para passar o tempo.
Os wearables devices também não são esquecidos nesse momento. Caso o paciente caia da cama durante a noite, o altímetro presente em uma smartband pode enviar um alerta para o corpo médico, que, através de outro app dedicado, consegue saber exatamente para qual leito ele deve ser dirigir e descobrir de antemão alguma particularidade do internado, de forma a prestar um socorro mais ágil e eficiente.
Sensores presentes em smartbands podem ser úteis em emergências
Benefícios, oportunidades e desafios
Como citamos anteriormente, é interessante observar que todas essas soluções se baseiam em produtos e tecnologias já popularizadas entre as massas, mas que foram organizadas de uma forma mais inteligente para otimizar suas próprias funcionalidades. Embora as pulseiras fitness sejam cada vez mais comuns (e acessíveis), é difícil discordar que as informações que elas oferecem aos usuários não são tão úteis quando estão sozinhas.
A chave é a comunicação e a troca de dados – e, de acordo com a Accenture, é justamente esse o maior desafio para propagar tais soluções na indústria. “São tecnologias acessíveis e que podem ser implantadas com facilidade. O mais difícil é fazer as conexões: as plataformas precisam estar mais abertas, e há toda uma discussão a respeito de privacidades de dados, sobre o que eu posso tramitar ou não. É uma mudança de cultura”, afirma.
São tecnologias acessíveis e que podem ser implantadas com facilidade.
O executivo ainda ressalta que as soluções mesclam produtos e serviços de diferentes marcas, sendo possível adaptá-las para o gosto do cliente. “O que percebemos é que, já que o paciente vai ser o ponto central desse sistema, temos que entender também o que ele usa. Tivemos o cuidado de pensar que ele já tem seu próprio smartphone e sua pulseira, e a questão é como encaixar esses dispositivos em um ecossistema conectado”.
A Accenture acredita ainda que isso é benéfico não apenas para a indústria médica e para o paciente, mas também para o varejo e para as fabricantes, mesmo aquelas que não estejam diretamente ligadas ao setor de saúde. “Isso estimula o paciente a usar mais os dispositivos vestíveis, a fazer mais exercícios e a consumir mais essas tecnologias”, comenta Adriano Picchi Neves, gerente de saúde e serviço público da Avanade.
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