Órion é, talvez, uma das constelações mais populares no mundo todo. Sua posição é privilegiada em relação à Linha do Equador e, por isso, pode ser vista tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul da Terra.
No entanto, aqui, no Brasil, nós a conhecemos melhor como “Três Marias”, as estrelas que compõem “o cinto” do herói grego. Porém, muitos ignoram a história por trás desse grande símbolo astronômico.
As Três Marias são as estrelas do cinturão de Órion. (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
As Três Marias são estrelas muito brilhantes que compõem uma linha reta no céu. É muito difícil de elas passarem despercebidas por qualquer observador noturno, e foi assim que acabaram sendo incorporadas por muitos povos em suas constelações.
Os gregos, uma das civilizações que mais dominavam a astronomia em seu tempo, associaram esses três pontos de luz a um desenho maior na esfera celeste, à figura do herói mitológico Órion, o caçador.
Qual é a história de Órion?
Órion é um personagem da mitologia grega. Existem muitas versões da história dele, porque, na época, as cidades eram mais isoladas, e cada uma criava as próprias variações — mas elas concordavam em alguns pontos.
Uma delas diz respeito à paternidade do herói. Filho do deus dos mares, Poseidon, e da princesa de Creta, Euryale, ele herdou do pai a capacidade de andar sobre as águas. Além disso, era muito habilidoso na caça.
Era tão cheio de si, que esbravejou que mataria todos os animais do mundo. Ouvindo isso, Gaia, a deusa da Terra, considerou a declaração um desaforo e, como punição, enviou um pequeno escorpião para matar o semideus.
Órion pertencia à mitologia grega, e o herói foi transformado em constelação junto de seu nêmesis, o escorpião. (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Acontece que o caçador, na época, amava a deusa Ártemis, mas foi acidentalmente ferido por uma das flechas dela enquanto fugia do animal que o perseguia e acabou morrendo. Arrependida, a divindade pediu ao pai que salvasse seu amado.
Após a morte dele, Zeus transformou o homem em uma constelação que pode ser vista à noite até hoje. Ao seu lado, está seu companheiro fiel, a constelação de Cão Maior, que um dia foi seu cachorro, Sirius.
Mas o escorpião também recebeu as bênçãos dos deuses, pelos serviços que prestou à deusa Gaia. Desse modo, foi colocado no lado oposto do céu e, por causa disso, quando ele aparece para nós, Órion se esconde embaixo da linha do horizonte, em uma perseguição eterna.
O que tem na constelação de Órion?
Em Órion, estão algumas das estrelas mais visíveis do céu noturno. Isso faz que, mesmo sem o uso de instrumentos astronômicos, a constelação seja facilmente reconhecível. Mais escondidos, mas não menos impressionantes, estão os seus outros elementos junto a nebulosas no céu profundo.
Uma delas é Rigel, que corresponde ao joelho ou ao pé ocidental do caçador. Essa supergigante azulada é uma bola de gás incandescente a 770 anos-luz de nós. Na Escala Richter, sua magnitude é de 0,2, fazendo dela a sétima mais luminosa de todo o céu — quanto menor, mais brilhante.
Seu par oriental é Saiph. Essa é a irmã menor: tem menos brilho (ou seja, sua magnitude é maior, de 2,1) e está mais próximo da Terra, a 720 anos-luz de distância. Mas nem por isso é menos impressionante: também é uma supergigante azul.
As estrelas de Órion são tão brilhantes que dispensam o uso de telescópios (Fonte: Shutterstock)Fonte: Shutterstock
Outro astro desse conjunto de estrelas é Betelgeuse, a supergigante vermelha. Sua magnitude é de 0,5, sendo esse o 10º objeto mais brilhante do céu. A estrela tem 800 vezes o tamanho do Sol e está a 430 anos-luz daqui.
Enquanto Betelgeuse está em um dos “ombros” do herói; do outro, está a figura Bellatrix, a 3ª mais luminosa do conjunto. Ela tem magnitude de 1,6 e está a 245 anos-luz de distância de nós.
No centro da imagem, chamam atenção as três estrelas perfeitamente alinhadas, formando uma espécie de cinturão para o semideus. Elas se chamam: Alnitak (magnitude 1,8), Alnilam (1,7) e Mintaka (2,2), nomes árabes que significam o cinto, a pérola e a corda.
Na cultura cristã, entretanto, esse asterismo — conjunto de estrelas — passou a simbolizar as mulheres que visitaram o túmulo de Jesus em sua ressurreição: Maria de Cleófas, tia do mártir, Maria Madalena e Maria Salomé, mãe do apóstolo Tiago.
Foi assim que Órion acabou sendo mais conhecido pelos brasileiros pela influência de colonizadores portugueses. Mas nem por isso esse conjunto impressionante de corpos celestes perdeu o protagonismo no céu e em nosso imaginário.
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