Mesmo com a pouca divulgação no Brasil, cada vez mais os leitores digitais ganham mercado. Na temporada de festas de 2009, por exemplo, a Amazon vendeu – pela primeira vez – mais publicações eletrônicas do que livros físicos. Apesar do segredo sobre os números concretos, foram vendidos em um único dia mais de 9,5 milhões de arquivos digitais.
Mas a Amazon produz o Kindle, e sobre ele você pode descobrir um pouco mais aqui. Já neste artigo a intenção é desvendar os segredos de um de seus principais concorrentes, o Sony Reader Touch Edition.
O aparelho – que está disponível apenas nos Estados Unidos e Europa – armazena aproximadamente 350 títulos na memória interna. Cartões SD ou Memory Stick PRO Duo de até 16 GB garantem que você possa carregar sua biblioteca inteira, e ainda colocar arquivos de áudio para os intervalos de leitura.
A tela de seis polegadas usa a tecnologia e-ink, como a maioria dos e-readers do mercado. Essa tela permite uma experiência de leitura muito próxima à do papel, por seu contraste satisfatório e baixa refletividade.
No caso do Sony Reader Touch Edition, entretanto, a tela tem uma pequena defasagem em relação a outros leitores. Graças à sensibilidade ao toque, uma camada extra de material teve que ser incluída na tela, e essa película reflete um pouco mais de luz do que os outros componentes. Assim, os ângulos de leitura do PRS-600 – quando comparados aos concorrentes – são mais restritos.
Design “editorial”
Antes de mergulhar de vez nos livros digitais, vale a pena conferir de perto o design muito bem projetado pela Sony. O Sony Reader Touch Edition é leve, fino e muito bonito. A frente do aparelho é tomada quase inteiramente pela tela sensível, acompanhada de cinco pequenos botões.
Os dois botões mais à esquerda são responsáveis por mudar de página – ato também possível com o passar do dedo na tela – e durante os testes do Baixaki só foram utilizados com o aparelho em posição de paisagem. Isso porque a posição dos botões, para o uso normal, não é a mais confortável, muito baixa no aparelho.
No centro está o botão Home, mais alto que todos os outros, que acessa a página inicial do leitor. Este botão, mesmo sendo um dos menos usados, é de alta importância, já que o acesso à biblioteca e a diversas outras funções do e-reader ocorrem a partir do painel inicial.
À direita do Home você encontra mais dois botões. O Zoom altera o tamanho da fonte em arquivos que permitem esse tipo de edição – apenas o formato RTF e alguns arquivos PDF apresentaram problemas nesse sentido –, seguido do Options.
Certamente este é o botão mais útil do painel frontal. É através dele que anotações, marcação de páginas e várias outras atividades importantes para certos leitores são realizadas. Acessar o índice de uma obra, procurar um termo específico no texto, apagar um título do PRS-600 ou mudar a orientação do aparelho também são tarefas feitas a partir do botão de opções.
No topo do aparelho são encontradas as portas de expansão para SD e Memory Stick PRO Duo, e o slider liga/desliga. No canto direito está encaixada a stylus usada para desenhar ou fazer anotações à mão livre na touchscreen do leitor.
Na base estão localizados o botão de volume, a entrada de 3,5 mm para fones de ouvido estéreo, a porta mini-USB, uma entrada para carregador – acessório opcional extra, já que o aparelho pode também ser recarregado via USB – e um ponto de ancoragem para alças.
A tela
O grande diferencial do Sony Reader Touch Edition em relação à profusão de leitores digitais lançados recentemente é a tela sensível a toque. Apesar da pequena perda em qualidade já mencionada anteriormente, a resposta da tela – de sensibilidade resistiva – é excelente. Depois das primeiras tentativas frustradas, fica fácil entender a maneira mais apropriada para “virar a página”.
A dificuldade inicial nos testes foi fruto de experiências anteriores com outros tipos de leitores, que faziam a mudança da página a partir de toques. No PRS-600 é necessário arrastar o dedo por pelo menos um terço da tela para que o texto seja adiantado, tanto na vertical quanto na horizontal.
A velocidade de atualização da tela – ainda que não permita a reprodução de vídeos – é satisfatória, inclusive dando uma sensação muito próxima ao tempo de passar uma página em um livro impresso.
Lendo on screen
Inicialmente a simples menção de “leitura em tela” gera caras feias e resistência. Felizmente – e graças principalmente à tecnologia e-ink – isso vem mudando constante e gradativamente.
Como em toda tela e-ink, a leitura no Sony Reader Touch Edition é extremamente confortável, não causando a mesma fadiga visual que monitores LCD acarretam em uso prolongado. Outro fator que contribui muito para facilitar longas sessões de leitura é a leveza do leitor digital. Os pouco mais de 200 gramas do dispositivo quase não geram cansaço nos braços e mãos.
As seis polegadas da tela do PRS-600 se mostram em dimensões muito próximas às de páginas de um livro impresso. A vantagem óbvia disso é a familiaridade do leitor com a quantidade de texto por página – ainda que esse número varie de acordo com o tamanho da letra escolhido.
São cinco tamanhos diferentes, variando do S – que é realmente minúsculo – até o XXL, que conta com letras garrafais. Na maioria dos formatos a alteração de tamanho ocorre com facilidade, ainda que um pouco devagar devido à repaginação necessária para acomodar os diferentes corpos de letra. Durante os testes o aparelho foi mantido 90% do tempo com fonte tamanho L.
Em arquivos RTF a alteração do tamanho da fonte não surtiu efeito. Em alguns arquivos PDF não adaptados à tela pequena o texto correu de forma estranha e a paginação não se adaptou ao novo tamanho do texto.
Para compensar essas pequenas falhas existe, para arquivos que não se adaptem à alteração de tamanho da fonte, a opção de zoom. Com ele ativado, a página atualmente na tela é aproximada e flechas ativas surgem na tela para fazer a rolagem para as áreas ocultas. É necessário desativar o zoom para passar à próxima página.
Outras funções
Como não podia deixar de ser, a era da convergência também tem seu impacto no PRS-600, apesar de todas as funções extras que o aparelho apresenta serem ligadas – mesmo que sutilmente – à literatura.
Anotações e marcações
Principalmente para quem deseja usar o seu e-reader como instrumento de estudo e trabalho, as funções de anotação e marcação são essenciais. Com elas é possível passar a versão digital do marca-texto em passagens de um livro ou guardar comentários e pensamentos a respeito de determinada passagem.
Outra possibilidade interessante é – usando a stylus – criar conexões gráficas entre passagens em uma mesma página, ou – caso haja espaço em tela – anotar algo à mão livre.
Na mesma linha das anotações, o PRS-600 oferece um Text Memo, onde você pode anotar listas de compras, autores para procurar quando chegar em casa ou qualquer outro texto que deseje. Um teclado virtual simpático e bastante eficaz é utilizado para a entrada de texto.
A contraparte do Text Memo é o Handwriting, que permite anotações e desenhos livres. Ainda que seja possível utilizar esse sistema com os dedos, o uso da stylus aumenta consideravelmente a qualidade do resultado.
Tanto textos quanto desenhos – em seus aplicativos próprios ou como anotações em um texto – podem ser enviados para seu computador através do software de sincronismo.
Reader Library
O software de gerenciamento e sincronismo da Sony permite que você adquira livros direto da Reader Store – desde que você esteja nos Estados Unidos ou Europa – bem como carregue textos disponíveis gratuitamente no Google Livros ou na Many Books. Para os americanos também é possível fazer empréstimos em bibliotecas públicas que tenham seu catálogo digitalizado.
O programa é compatível com Mac e Windows, mas usuários de Linux podem ficar tranquilos, já que o PRS-600 é reconhecido como armazenagem externa no SO open source.
No Brasil, a opção é o Google Books e outras iniciativas similares, como o Projeto Gutenberg ou o repositório de domínio público. Para obras recentes e best-sellers ainda não há uma fonte exata.
Felizmente a Sony resolveu não seguir seu comportamento usual – quando diversos formatos estão envolvidos – e ao invés de desenvolver um novo formato proprietário assumiu o suporte aberto a todos os principais arquivos do mercado.
Apesar de o Reader Library não ser obrigatório para carregar livros para o Sony Reader Touch Edition – os cartões de memória e a memória interna funcionam como armazenagem externa quando ligados ao PC –, o aplicativo ajuda a organizar os títulos colocados no aparelho. Além disso, também permite que você faça algumas conversões de arquivo – principalmente textos do Word – para formatos mais apropriados ao PRS-600.
Coleções
Um dos principais usos do Reader Library para quem não tem como comprar livros direto da loja oficial da Sony, as coleções funcionam de maneira semelhante à uma playlist do iTunes. Escolha um motivo para juntar alguns livros, coloque-os todos em uma coleção, e depois a envie ao aparelho. Pode parecer algo meio inútil, mas facilita bastante encontrar um título no meio de 350 ou mais arquivos.
Como a Sony decidiu suportar quase todos os principais formatos de e-books, é possível importar arquivos que você já tenha em seu computador, independente da origem. Assim, possíveis fontes de títulos recentes no Brasil são a Gato Sabido – primeira livraria totalmente digital do país – e o site Bookess, que pretende em breve começar a lançar livros adaptados aos e-readers a partir de seu catálogo em PDF.
Novo capítulo?
Apesar da dificuldade em conseguir livros em formato digital para o PRS-600, as alternativas existem e, para quem já dispõe de uma biblioteca digital, este aparelho pode ser uma excelente escolha. O preço em dólares é de US$299,00, mais caro que o Kindle e sem conexão Wi-Fi, porém com liberdade de escolha de formatos de arquivo.