O implante coclear é uma alternativa cirúrgica para pessoas que nasceram com surdez severa e em que apenas o uso de aparelho auditivo convencional não apresenta benefícios. Porém, não é uma alternativa recomendada para todos os casos, e diversos fatores podem influenciar o resultado ou a recomendação médica para o uso do implante, além de ter um alto custo.
Nos Estados Unidos, o custo médio do implante é de 40 mil dólares (mais de 100 mil reais), e aqui no Brasil a cirurgia na rede particular não sai por menos de 70 mil reais por usar aparelhos importados, já que ainda não há nenhuma prótese desse tipo produzida e fabricada nacionalmente.
Por isso, um grupo de pesquisadores da Universidade do Colorado está testando um protótipo de um dispositivo que seria uma alternativa ao implante coclear, porém funcionaria em outras formas de deficiência auditiva, sem necessidade de cirurgia e com um custo menor.
Como funciona
O protótipo usa um acessório na orelha com microfone e Bluetooth junto com uma peça que fica em contato com a língua da pessoa. O microfone captura os sons, e um processador separa o barulho ambiente das formas de som reconhecíveis como frases, transforma cada uma das palavras em sinais elétricos e transmite para a língua do usuário.
Porém, como a língua não é um órgão designado para audição, o protótipo funciona de uma maneira que reprograma certas áreas do cérebro, fazendo com que ele entenda os estímulos na língua como palavras específicas.
Segundo Leslie Stone-Roy, um dos pesquisadores, eles escolheram a língua causa da hipersensibilidade que ela tem para diferenciar as sensações táteis. Ela é similar às pontas dos dedos por ter alta acuidade.
Treinamento
É necessário tempo e prática para que o cérebro aprenda a reconhecer certas palavras. O estímulo gerado pelo computador é sempre o mesmo para cada palavra, então, com o tempo, o cérebro passa a associar aquela sensação com um determinado som, tornando mais fácil de reconhecer.
A técnica é parecida com o sistema Braille, que faz com que um indivíduo com deficiência visual entenda cada padrão de bolinhas como palavras ou letras. A diferença é que, enquanto o Braille traduz palavras escritas, o novo método converteria sons em tempo real.
A princípio, o dispositivo serviria principalmente em pessoas que têm surdez parcial, para reforçar os sons que elas ainda são capazes de ouvir.
Andamento do projeto
Por enquanto os pesquisadores estão na fase de mapear todos os nervos somáticos e aperfeiçoar o aparelho. Passando dessa etapa, eles vão remover todos os fios e diminuir o dispositivo para que ele caiba confortavelmente na boca, algo similar a um aparelho ortodôntico.
No futuro, os pesquisadores pensam em novas aplicações para o aparelho para ir além de auxiliar pessoas com deficiência auditiva. A ideia é explorar as possibilidades de traduzir idiomas com o dispositivo ou ajudar pessoas que usam próteses de membros a recuperarem sensações táteis. A resposta para tudo isso pode estar na ponta da língua.
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