(Fonte da imagem: Flickr/Jess Loughborough)
Controlar as condições meteorológicas e as temperaturas de um local artificialmente não é um desejo moderno — a verdade é que o homem sempre tentou fazê-lo.
Os mais antigos livros de História já trazem histórias de como o homem tentava desde então fazer chover, afastar o frio extremo, mudar as estações ou mesmo obter melhores condições meteorológicas para o êxito das suas colheitas usando rituais. Porém, com os avanços da tecnologia, estamos mais perto de conseguir isso do que nunca.
Um pouco de história
Se hoje em dia nós temos um método que semeia as nuvens com partículas para que as chances de chover aumentem, antigamente a tecnologia não era assim tão avançada e as pessoas estavam apenas começando a entender como as alterações meteorológicas funcionavam.
Relatos dos povos mais antigos, por exemplo, indicam que eles culpavam os “deuses da natureza” pela falta de chuva, o frio, as mudanças climáticas ao longo do ano e qualquer outro fenômeno desta natureza. Dessa crença nasceram as diferentes mitologias existentes até hoje, como a romana, a nórdica, a grega etc.
Bem mais próximo dos nossos dias, entre as décadas de 50 e 60, novas tentativas de controlar as chuvas foram feitas por um médico e pesquisador austríaco chamado Wilhelm Reich. O seu método, chamado de “Cloudbust”, usava um aparelho que parecia um canhão para controlar o que ele chamava de “energia orgônica”, um tipo completamente não científico de “energia vital”.
Cloudbuster, indicado por uma seta (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)
Porém, assim como as danças e mitos dos povos antigos, o método de Reich nunca foi confirmado ou mesmo apoiado pela ciência, não tendo nenhum resultado comprovado de aumento real da quantidade de chuva em uma região devido ao uso do aparelho.
Cloud Seeding, a semeadura de nuvens de chuva
Ao contrário do método de Wilhelm Reich, que abusava de mistérios e teorias obscuras, a semeadura de nuvens é um dos primeiros métodos que realmente possui alguma base científica (ainda que não seja completamente apoiado e comprovado pela comunidade de estudiosos) e tem registros de aumento real da precipitação nas regiões usadas.
O funcionamento da semeadura de nuvens (Cloud Seeding, no original) é simples: aviões carregados de iodeto de prata e gelo seco pulverizam isso sobre potenciais nuvens de chuva, para que eles facilitem a criação de cristais de gelo e aumentem as chances de precipitação naquela região.
Avião com mecanismo de pulverização de iodeto de prata. (Fonte da imagem: Reprodução/Christian Jansky)
Em uma explicação simples, o que acontece no meio da nuvem de chuva é o seguinte: o iodeto de prata, ao ser pulverizado sobre uma nuvem, atrairia minúsculas gotículas de água, formando uma gota maior e mais pesada, que se transformaria em chuva, propriamente dita. Isso quer dizer que, na prática, ele não produz chuva, apenas acelera a sua formação.
Pesquisas indicam que este método possa ser capaz de aumentar em até 10% as chances de chuva nos locais onde a semeadura ocorre, apesar de ser muito difícil provar o quanto ele realmente ajudou em uma nuvem em particular. Para a agricultura, um dos principais campos de utilização do método de Cloud Seeding, no entanto, esse percentual pode ser exatamente o que faltava para uma boa colheita.
Métodos de semeadura de nuvens (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia)
É importante notar, no entanto, que é preciso existir uma nuvem para que seja possível “semeá-la”. O processo de Cloud Seeding não é uma forma mágica de criar nuvens a partir do nada, como prometia o método de Wilhelm Reich; ele apenas acelera a precipitação de uma nuvem já existente.
Por esse motivo, notícias de que o método de Cloud Seeding seria usado em locais como o nordeste brasileiro, onde as nuvens de chuva nem chegam a se formar, causam bastante controvérsia, já que isso não seria possível — não é possível criar uma nuvem de chuva do nada.
HAARP — um controverso projeto
Se você nunca ouviu falar do HAARP, é bom ter cuidado com a fonte que você vai utilizar para se informar, já que existem muitas teorias da conspiração envolvendo este gigante complexo do governo dos Estados Unidos que, de acordo com essas teorias, teria a capacidade de modificar completamente o clima da Terra.
(Fonte da imagem: Reprodução/HAARP)
Segundo relatos oficiais, o projeto tem como objetivo principal ampliar o conhecimento obtido até hoje sobre as propriedades físicas e elétricas da ionosfera terrestre. Com isso, seria possível melhorar o funcionamento de vários sistemas de comunicação e navegação, tanto civis quanto militares (o que gera desconfiança em grande parte dos conhecedores do HAARP).
Para realizar estes estudos, as antenas de alta frequência do HAARP enviam ondas para a ionosfera visando a aquecê-la. Assim são estudados os efeitos das mais diversas interações de temperaturas e condições de pressão.
O problema é que, de acordo com algumas das patentes relacionadas ao HAARP, muitos estudiosos e teóricos da conspiração passaram a defender que ele poderia ser usado como uma arma geofísica para a manipulação do clima em qualquer parte do mundo, podendo ser usado como uma forma de controle pelos Estados Unidos.
(Fonte da imagem: Reprodução/HAARP)
Isso nunca foi comprovado, porém muitas pessoas afirmam que os terremotos do Haiti em 2010 foram causados por um teste do HAARP naquela região e até que o clima de toda a Terra já tem sido manipulado pelos Estados Unidos. Todas essas teorias são apenas especulações e não devem ser levadas a sério, no entanto.
Não existe um método 100% eficaz
A verdade é que, apesar do Cloud Seeding ser um método com resultados parcialmente comprovados e de existirem relatos de métodos semelhantes que também obtiveram algum sucesso, não existe ainda uma maneira 100% eficaz de controlar o tempo e as condições meteorológicas.
Muitas medidas podem, e são, tomadas em terra para garantir uma melhor qualidade de vida independente do clima da região. Porém a manipulação dos fenômenos meteorológicos ainda é uma ciência que engatinha, e é preciso tomar muito cuidado com as descobertas tecnológicas neste campo, para não transformar essa tecnologia em uma arma em potencial.
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