Qual a diferença do DNA e do RNA?

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Herança e perpetuidade, são palavras que podem, de modo bem singelo, exemplificar o que o RNA e o DNA representam para a vida na Terra. Embora estejam intimamente relacionadas, cada uma dessas moléculas tem papel, estrutura e localizações específicas nas nossas células.

O DNA foi descoberto em 1953, após anos de estudo relacionados a hereditariedade contribuição de "genes", um estudo bastante cinzento ainda na época. Já sua molécula correlacionada, o RNA, foi descoberta apenas em 1965.

Conheça um pouco mais sobre as moléculas que pavimentam o conhecimento da genética, a história do RNA e do DNA e as principais diferenças em ambos.

E hereditariedade começou a ser estudada por Mendel, através do experimento com ervilhas, em 1865.
E hereditariedade começou a ser estudada por Mendel, através do experimento com ervilhas, em 1865. (Fonte: Getty Images)

De ervilhas à complexa vida humana

O estudo sobre uma potencial hereditariedade começou com os experimentos de Gregor Mendel, em 1865, que decidiu testar em qual medida a mistura entre ervilhas de diferentes cores poderiam resultar em plantas mistas ou de cores específicas.

Ele descobriu que as plantas conseguiam transmitir suas características até certo ponto. Desse estudo nasceu o conceito de genes dominantes e recessivos. Os genes dominantes são aquelas capazes de "silenciar" os genes recessivos. Já os recessivos, se expressam apenas quando se encontram com outros recessivos.

Mas onde esses genes ficavam guardados? A resposta completa para essa pergunta veio apenas em 1953, quase 90 anos depois. Há algumas controvérsias sobre quem de fato foi a equipe que primeiro descreveu a moléculas de DNA, mas a descoberta é creditada aos pesquisadores: Rosalind Franklin, James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins.

Essa foi a hereditariedade descrita entre as ervilhas do estudo de Mendel.
Essa foi a hereditariedade descrita entre as ervilhas do estudo de Mendel. (Fonte: Getty Images)

Os pesquisadores descobriram que os genes ficam abrigados em longas cadeias formadas por pares de nucleotídeos, mantidos em uma estrutura de dupla hélice, compostas por ácido desoxirribonucleico.

As bases nitrogenadas, nucleotídeos, que compõem a cadeia são: Adenina (A), Guanina (G). Citosina (C) e Timina (T). Elas se unem em pares de A-T e C-G, e na combinação dessas ligações guardam a receita fundamental da vida.

O DNA fica no núcleo da cada uma das nossas células, em emaranhados de DNA conhecidos como cromossomos. Os pares cromossômicos são herdados dos nossos antepassados, sendo que recebemos um cromossoma de cada genitor.

Mas para que toda essa receita possa funcionar e se manter funcional, o DNA precisa de uma ajuda, que vem do RNA.

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A "foto 51" feita por Rosalind foi o divisor de águas para que os pesquisadores pudessem ver pela primeira vez a organização do DNA. (Fonte: Grande Enciclopédia Norueguesa)

O que o RNA?

O Ácido Ribonucleico, mais conhecido como RNA, foi descoberto pouco depois, em 1965. Ao contrário do DNA, ele é estruturado pelas riboses, e possui como bases a Adenina (A). Guanina (G). Citosina (C) e a Uracila (U), sendo essa única diferente, com relação às bases do Ácido Desoxirribonucleico.

Ele possui uma cadeia simples, que pareia suas bases às bases do RNA em processos de transcrição, sendo que nesse caso, o pareamento ocorre entre os nucleotídeos A-U e C-G.

Enquanto o DNA possui fita dupla em um formato helicoidal, o RNA apresenta uma fita simples. Fonte: GettyImages.
Enquanto o DNA possui fita dupla em um formato helicoidal, o RNA apresenta uma fita simples. (Fonte: Getty Images)

Existem alguns casos em que o RNA pode dobrar-se sobre si, ou ainda parear, temporariamente, com outra fita de RNA, no processo de tradução. Mas, em geral, a sua apresentação ocorrerá como uma fita simples.

Por essa "maleabilidade" o Ácido Ribonucleico é a peça-chave para que as informações contidas no DNA possam ser traduzidas e as proteínas necessárias para a manutenção dos organismos possam ser produzidas. Uma parte do DNA é lida pelo RNA para que proteínas sejam produzidas.

Somente o RNA é capaz de traduzir o que está codificado no nosso DNA, distribuindo informações para que nossas células produzam o que é necessário. Há inclusive três tipos de RNA, mais usualmente conhecidos.

O RNA mensageiro (mRNA), que leva a informação captada do DNA para uma organela chamada de ribossomo, que possui seu "próprio" RNA ribossomal (rRNA). Esse irá sintetizar a proteína com a contribuição do RNA transportador (tRNA), que irá conceder o material, os aminoácidos, para que a proteína seja sintetizada no ribossomo.

Toda essa dança ocasiona na produção das proteínas essenciais para nossa sobrevivência, assim como a replicação de novas células, garantindo uma reciclagem constante dos organismos.

Revisando as diferenças

Simplificando a conversa, enquanto o DNA é o responsável por guardar todas as informações genéticas dos organismos vivos, o RNA é o responsável por levar a mensagem até as vias onde toda essa informação pode ser utilizada para renovar e garantir subsídios para a vida.

Ao contrário do DNA, que só pode ser encontrado em organismos vivos, o RNA também pode ser identificado em vírus, por exemplo, ou ainda ser manipulado em prol da produção de respostas imunes, como no caso, das vacinas contra COVID.

Mas o RNA as vezes por dar uma derrapada nas traduções, e se nossas células não estiverem prontas para identificar o erro, doenças como o câncer podem ser desenvolvidas.
Mas o RNA às vezes por dar uma derrapada nas traduções, e se nossas células não estiverem prontas para identificar o erro, doenças como o câncer podem ser desenvolvidas. (Fonte: Getty Images)

Já as moléculas de ácido desoxirribonucleico não são assim tão maleáveis e fáceis de manipular. Ele só sofrerá alguma alteração por ação direta, como pôr exposição a radiação.

Mesmo sendo diferentes, RNA e DNA atuam de forma íntima e indissociável. E essa relação é fundamental para manutenção de todas as formas de vida na Terra.

Mas quer saber mais sobre como o DNA pode agir como um detetive na história do mundo? Entenda como o DNA das vítimas de Pompeia sugere que elas não são, quem os estudiosos pensavam. Continue acompanhando a TecMundo e até mais!

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