Genética ou estilo de vida? O que importa para viver mais?

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Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.  

Carregamos uma forte carga genética que influencia como, e o quanto iremos viver. Nossos genes desempenham um papel importante em nossa expectativa de vida. Uma questão que surge é se o estilo de vida que levamos, composto por diversos comportamentos, pode superar fatores genéticos desfavoráveis, para podermos ter mais longevidade.

Uma recente pesquisa investigou a associação entre fatores genéticos e estilo de vida com a expectativa de vida e trouxe resultados interessantes.

Conheça a pesquisa

Pesquisadores acessaram um famoso banco de dados do Reino Unido – o UK Biobank, que investiga desde 2006, a influência da predisposição genética, bem como fatores ambientais sobre o desenvolvimento de doenças na população. Com dados de mais de 350 mil adultos europeus, recrutados de 2006 a 2010 e acompanhados até 2021, estabeleceram associações.

Em relação à expectativa de vida determinada pelos genes das pessoas, foram criadas três categorias, incluindo longa (20%), intermediária (60%) e curta (20%) expectativa de vida. Sobre o estilo de vida, três classificações foram dadas: estilo de vida favorável (23%), intermediário (56%) e desfavorável (21%) à saúde.

Segundo a pesquisa fatores ambientais assim como predisposições genéticas exercem influência, em nossa expectativa de vida. Segundo a pesquisa fatores ambientais assim como predisposições genéticas exercem influência, em nossa expectativa de vida. Fonte:  Getty Images 

Os dados confirmam que pessoas com predisposição genética para expectativa de vida curta, possuem risco 21% maior de risco de morte precoce. Já pessoas com estilo de vida não saudável tem um risco aumentado de morrer cedo, em 78%, independentemente dos fatores genéticos.

Parece que se pudéssemos escolher entre um determinante ou outro, para viver mais, é felizmente o fator que temos mais controle.

O principal resultado é que um estilo de vida saudável, composto por fatores como nunca fumar, atividade física regular, quantidade de sono adequada e dieta saudável, pode compensar uma predisposição genética considerada ruim para longevidade, em 62%, adicionando 5 anos de vida.

O estudo realiza associações, pois é observacional, não estabelecendo relações de causa e efeito em relação aos comportamentos e mudanças na expectativa de vida.

Saiba quais são as 3 condições necessárias

Mesmo com fatores genéticos que não favoreçam uma vida longa, o que é um fator individual sob o qual não temos controle, pois herdamos dos nossos pais, uma pessoa pode compensar isso em 62%, por meio de um estilo de vida saudável. Uma vida equilibrada é conquistada, mediante comportamentos ativos e saudáveis. Para isso três condições básicas são levantadas:

1. Conscientização da importância do comportamento, através das informações;

2. Desenvolvimento do desejo de mudar, por meio de atitudes favoráveis ao comportamento;

3. Motivação para manter o comportamento, pela ação e manutenção.

Conhecer, querer e agir são passos necessários para um comportamento saudável.Conhecer, querer e agir são passos necessários para um comportamento saudável.Fonte:  Getty Images 

Qual o melhor estilo de vida para viver mais?

Os dados nos mostram que um estilo de vida saudável pode compensar a presença herdada de genes ruins para a expectativa de vida, para isso se importe com: sono de qualidade, atividade física regular, controle do estresse, relacionamentos, alimentação saudável, evitar fumar e evitar ou consumir bebidas alcoólicas moderadamente.

Apesar disso, é importante estar ciente que a indústria fitness, especialmente através das redes sociais tenta nos enganar a cada instante para nos levar a acreditar que precisamos de algo além do básico: sono de qualidade, nutrição adequada e exercício regulares. O resto é apenas barulho.

Não significa que conquistar essa base biológica estável e equilibrada seja uma tarefa fácil. Pelo contrário, dormir bem em um mundo cheio de estímulos; comer bem quando temos alimentos hiperpalatáveis, porém pobres em nutrientes; se mover quando não precisamos mais; é difícil e às vezes até contraintuitivo. Mas precisamos disso.

Parece que não há pílula mágica para viver mais, mas sim um conjunto de comportamentos saudáveis que aumentam as chances de longevidade.

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Fábio Dominski 
é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz 
divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.

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