Pesquisa mostra distribuição ideal das 24 horas/dia para saúde

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Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

À medida que a tecnologia avança, nossos movimentos corporais são menos necessários para o dia a dia. Cada movimento é minimizado em nossa rotina, o que ocorre desde a Revolução Agrícola, passando pela Revolução Industrial e chegando na Revolução Digital, em que apenas com os polegares no celular, conseguimos o necessário para (sobre)viver.

Porém, temos uma herança com necessidade de movimento corporal enraizada em nossos genes, para que vivamos mais e melhor. Parece que mover o corpo precisa estar presente nas 24 horas que temos diariamente, foi o que mostrou uma pesquisa recente.

Apesar de sobrevivermos no curto prazo apenas com o movimento dos polegares no celular, é o movimento do corpo todo que nos faz viver mais e melhor.Apesar de sobrevivermos no curto prazo apenas com o movimento dos polegares no celular, é o movimento do corpo todo que nos faz viver mais e melhor.Fonte:  Getty Images 

A pesquisa

Uma pesquisa realizou associações entre o uso de 24 horas com fatores de risco para doenças cardíacas, AVC e diabetes, em mais de 2 mil pessoas com idade entre 40 e 75 anos, que usaram acelerômetros no punho por 8 dias, na Holanda. Eles fazem parte do estudo de coorte - The Maastricht Study. Os pesquisadores dividiram o tempo de um dia em 5 comportamentos, segundo o nível de atividade: sono, ficar sentado, ficar em pé, atividades físicas leves e atividades físicas moderadas ou vigorosas.

A distribuição “ideal” das 24 horas

A melhor composição das 24 horas associada à redução de riscos à saúde foi: 8 horas e 20 minutos de sono, 6 horas sentado, 5 horas e 10 minutos em pé, 2 horas e 10 minutos de atividade física leve e 2 horas e 10 minutos para atividades físicas moderadas e vigorosas.

A distribuição “ideal” das 24 horas para reduzir riscos à saúde, segundo pesquisa.A distribuição “ideal” das 24 horas para reduzir riscos à saúde, segundo pesquisa.Fonte:  Canva. Produção do colunista 

O tempo de sono está dentro das diretrizes para adultos, em que é recomendável 7 a 9 horas de sono por noite, pela Fundação Nacional de Sono (EUA). O tempo sentado por dia, o que chamamos de comportamento sedentário, encontrado na pesquisa, está abaixo da média global – uma estimativa a partir de estudos representativos que indicaram o tempo médio de 8,2 horas por dia sentado, em adultos. Apesar de ainda não existir um tempo específico que sirva como um ponto de corte, na prática, tem-se adotado a marca de 8 ou 9 horas/dia (ou mais) sentado, para uma classificação de elevado comportamento sedentário.

Ainda que o tempo destinado à atividade física ser elevado – mais de 4 horas por dia, nesse tempo está incluído qualquer movimento corporal, desde os mais leves, como uma caminhada até o banheiro, até os mais intensos, como um treino em academia.

O que se vê claramente é uma necessidade humana: mover o corpo.

O estudo é um recorte e realizou apenas associações, não sendo possível atribuir causa e efeito. É um estudo preliminar com a melhor composição do uso das 24 horas e novos estudos mais longos são necessários para confirmar o melhor tempo para cada comportamento.

Estilo de vida

Muitas vezes não temos total controle sobre o gasto das horas do nosso dia, pois é preciso trabalhar e outras obrigações dispendem tempo. Também não podemos ser como robôs com tempos pré-determinados para cada comportamento, conforme indica a pesquisa – que associa tempos ideais a menor risco para saúde. Ficar sentado é um comportamento comum hoje, o que podemos fazer é reduzir o tempo contínuo nessa posição, por meio de pausas ativas. Sugestões são pausar 3 minutos a cada 30 sentado ou parar 5 minutos a cada 1 hora sentado.

A ciência tem cada vez mais ressaltado a importância de um estilo de vida equilibrado, o que Markus Vinicius Nahas, pesquisador brasileiro da Educação Física classificou como o Pentáculo do bem-estar, composto por: atividade física, controle do estresse, alimentação saudável, comportamento preventivo e relacionamentos. Equilíbrio parece ser a chave. Além disso, tais comportamentos estão interligados. Para mudar você pode começar com um deles, como sugere o pesquisador James Prochaska: "O exercício transborda para outras áreas. Há algo nele que facilita outros hábitos".

Reflita sobre como você usa suas 24 horas que tem em um dia. Como você passa o dia pode ter implicações significativas para a sua saúde.

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Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.

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