O planeta Vênus é conhecido por seu ambiente intenso, repleto de vulcões que expelem lava para todos os lados e nuvens de ácido sulfúrico. Por exemplo, a superfície do corpo celeste seria completamente inabitável para a civilização humana. Contudo, um novo estudo publicado na revista científica Nature Astronomy aponta que Vênus apresenta algumas semelhanças interessantes com a Terra.
O artigo sugere que, apesar de ser inabitável para humanos, a região oferece um cenário no qual os cientistas podem aprender mais sobre o potencial da vida em outros planetas. Além disso, os pesquisadores acreditam que os dados podem auxiliar na compreensão de como certas condições excluem a vida em outros corpos celestes.
Os cientistas se perguntam se Vênus era tão diferente da Terra há milhões de anos. Por exemplo, existe a possibilidade de o corpo celeste ter sido semelhante, mas ter mudado drasticamente devido à quantidade de energia que recebe do Sol, o que pode ter gerado um efeito estufa descontrolado e criado o clima infernal. Ou seja, a pergunta deles é: o destino da Terra será parecido?
Infelizmente, os investigadores ainda não coletaram informações cruciais para compreender se realmente existem muitas relações entre os planetas, como o tamanho do seu núcleo ou como o seu campo magnético mudou ao longo do tempo. Por isso, o artigo afirma que futuras missões enviadas a Vênus são de extrema importância para a ciência entender melhor sobre a atmosfera, geologia, história, entre outras informações.
"Uma das principais razões para estudar Vênus é devido aos nossos deveres sagrados como zeladores deste planeta, para preservar o seu futuro. Minha esperança é que, através do estudo dos processos que produziram a Vênus atual, especialmente se Vênus teve um passado mais temperado, isso é agora devastado, há lições para nós. Isso pode acontecer conosco. É uma questão de como e quando", disse o astrofísico da Universidade da Califórnia em Riverside e coautor do artigo, Stephen Kane.
As imagens apresentam Vênus, fotografadas durante missões anteriores da NASA.Fonte: NASA
Entre as missões citadas, os pesquisadores comentaram sobre DAVINCI e VERITAS, ambas são lideradas pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) e buscam coletar dados da atmosfera, da superfície e até identificar se o corpo celeste possui placas tectônicas ativas.
Em outros artigos, pesquisadores sugerem que o planeta oferece alguns elementos-chave para possibilitar a vida, principalmente em um ambiente com ácido sulfúrico concentrado. Eles explicam que o ácido não é um solvente universalmente hostil para a química orgânica.
Por que Vênus se transformou em um 'inferno'?
Além de possuir aproximadamente o mesmo tamanho e massa, Vênus também é formado praticamente pela mesma matéria que formou a Terra. A ciência acredita que, no passado, o planeta pode ter abrigado oceanos líquidos, nuvens brancas e um belo céu azul, semelhante ao que os humanos observam na superfície terrestre.
Há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, o Sol era mais fraco e, nesta época, provavelmente Vênus apresentava características mais semelhantes às condições da Terra. Contudo, ao passar do tempo, a estrutura solar foi envelhecendo e a temperatura começou a aumentar consideravelmente na região espacial onde Vênus habita — relativamente próxima do Sol.
O resultado disso é a atual situação do corpo celeste, com o efeito estufa descontrolado e um calor que não possibilitaria a vida terrestre.
É possível que a água líquida da superfície tenha funcionado como uma forma de lubrificação das placas tectônicas do objeto cósmico. Mas com a evaporação dos oceanos, a atividade das placas encerrou. O que ocorre é que o processo dessas grandes estruturas rochosas também auxiliava na regulação da quantidade de carbono da atmosfera; sem essa regulação, ocorreu um agravamento do efeito estufa.
"Vênus é particularmente inóspito: é 100 vezes mais quente que a Terra, com uma atmosfera tão espessa que o tempo mais longo que uma nave espacial sobreviveu na sua superfície antes de ser esmagada foi de pouco mais de duas horas. Talvez tais vulnerabilidades às tempestades solares tenham contribuído para este ambiente. Independentemente disso, compreender exatamente o efeito que a falta de uma magnetosfera tem num planeta como Vénus pode ajudar-nos a compreender mais sobre a habitabilidade de outros planetas que detectamos fora do nosso Sistema Solar", a NASA explica.
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