Desde o tempo em que as estrelas não tinham que concorrer com outras fontes luminosas, os seres humanos são fascinados com o céu noturno. Essa admiração, que se transformou em cultura milenar, perdurou através dos tempos, mesmo com os avanços tecnológicos, e o que era reverência se transformou em curiosidade.
Hoje, fenômenos como o último eclipse solar do dia 8 de abril, observado apenas no hemisfério norte, atraem multidões do mundo inteiro. No entanto, a grande variedade de corpos celestes — como asteroides, cometas, meteoroides, meteoros e meteoritos — pode confundir às vezes a compreensão dos astrônomos de fundo de quintal.
- Saiba mais: Do que os cometas são feitos?
Por isso, vamos explicar abaixo as principais diferenças entre asteroides e cometas, ambos chamados oficialmente de objetos próximos à Terra (NEO na sigla em inglês), porque podem passar eventualmente pela vizinhança orbital do nosso planeta, enquanto percorrem órbitas que os levam, em média, a 195 milhões de quilômetros do Sol.
Cometas x asteroides: como identificá-los?
Os cometas marcam a história da humanidade desde os primórdios, sendo vistos como fenômenos celestiais e, na maioria das vezes, interpretados como presságios de eventos importantes ou como recados dos deuses. Por isso, sua aparição no céu sempre gerava muita admiração, mas também medo e dúvida entre as civilizações antigas.
Já os asteroides eram completamente desconhecidos, até que o primeiro deles foi oficialmente descoberto no dia 1º de janeiro de 1801, pelo monge, matemático e astrônomo Giuseppe Piazzi.
Percebendo que o objeto era muito pequeno para ser uma estrela, e que se deslocava muito rápido em relação às constelações de fundo, nomeou-o com a palavra grega "asteroeidís" (semelhante à estrela). Na verdade, o objeto que o italiano observou acabou não se tornando nem estrela, nem asteroide: era Ceres, considerado atualmente um planeta-anão.
Cometas
Cometa vem do grego kometes (cabeleira).Fonte: Getty Images
Os cometas são muito parecidos em tamanho com os asteroides pequenos e médios, mas, mesmo sem se aproximar muito da Terra, são mais visíveis. O que os distingue é a sua "cabeleira" (kometes em grego).
É que os cometas são formados principalmente de gelo, misturado com um pouco de poeira e possivelmente pedaços de rocha. Assim que eles se aproximam do Sol, suas camadas geladas externas se aquecem acima do ponto de congelamento. Com isso, o gelo (composto de água, dióxido de carbono, metano e amônia) passa do estado sólido para gasoso (sublimação).
Liberados no espaço, esses gases formam uma nuvem difusa ao redor do núcleo do cometa — a coma —, uma esfera brilhante que pode se estender por milhares de quilômetros. A liberação de gases também arrasta uma alta quantidade de partículas de poeira e detritos que estavam no gelo, criando a cauda (ou cabeleira) brilhante comum na maioria dos cometas.
Asteroides
Asteroides não eram conhecidos antes do século XIX.Fonte: Getty Images
Confundidos com cometas e às vezes chamados de planetas menores, os asteroides são fragmentos rochosos e sem atmosfera, que sobraram da formação inicial do nosso sistema solar há 4,6 bilhões de anos. Contados aos milhões, eles se aglomeram no chamado cinturão de asteroides, uma região localizada entre as órbitas de Marte e Júpiter.
O número atual desses objetos conhecido pela NASA é de pelo menos 1.351.400, segundo o site da agência espacial. Essas pedras variam de tamanho, desde corpos com menos de 10 metros a gigantes como Vesta, com 530 quilômetros de diâmetro. No entanto, se somarmos a massa de todos eles, ela é menor do que a Lua da Terra.
Mas, sendo apenas pedaços de rocha, às vezes até com alguma poeira, eles não são capazes de emitir luz própria, nem possuem gelo suficiente para emular uma poderosa cabeleira. No entanto, dizer que, se um objeto contém gelo, é um cometa; e se não, é um asteroide, é uma supersimplificação que a natureza já se encarregou de complicar.
O 3200 Faetonte: asteroide ou cometa?
Ilustração: quando aquecido pelo Sol, asteroide Faetonte forma uma cauda.Fonte: NASA/JPL-Caltech/IPAC
Quando os astrônomos descobriram o asteroide Faetonte em 1983, perceberam que sua órbita correspondia com a dos meteoros Geminídeos, o que colocou o objeto como a fonte de uma tradicional chuva anual de meteoros. Porém, essa é uma característica exclusiva dos cometas, que deixam atrás de si uma trilha de detritos.
Para complicar ainda mais o diagnóstico do objeto, o Observatório de Relações Solares Terrestres da NASA (STEREO) detectou, em 2009, uma cauda curta saindo do asteroide, quando ele atingiu seu ponto mais próximo do Sol em sua órbita de 524 dias. Um estudo propôs que o calor do Sol possa vaporizar o sódio dentro do objeto, gerando essa atividade cometária.
A ambiguidade de Faetonte pode ser a prova da existência de um estágio intermediário entre cometas e asteroides. A descoberta de objetos sem voláteis em órbitas cometárias, e corpos com voláteis em órbitas típicas de asteroides pode indicar que não há, na verdade, uma linha divisória clara e definitiva entre esses dois corpos celestes.
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