Em 2017, os astrônomos detectaram um objeto espacial de outro Sistema Solar que passou pela Via Láctea e deixou sinais de sua presença, nomeado 1I/?Oumuamua. Embora muitos cientistas acreditem que se trata de uma rocha cósmica que estava apenas passando na nossa direção, outros afirmam que pode ser uma nave espacial ou lixo alienígena — a última teoria é menos aceita, mas foi um físico teórico que propôs a hipótese.
O objeto foi o primeiro do tipo a ser observado passando pelo nosso Sistema Solar e, atualmente, quase sete anos após a detecção, os cientistas ainda não conseguiram compreender qual é a sua verdadeira natureza.
Como ele já saiu da nossa área de observação, os investigadores não podem mais visualizar suas características. Na verdade, na época da detecção, os pesquisadores não conseguiram fazer uma observação precisa, pois o objeto já estava se afastando do Sistema Solar.
A Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA) sugere que o objeto pode ser um asteroide ou um cometa originário de outro sistema estelar; ele pode ter viajado por milhões de anos. Felizmente, antes de se afastar de nós, os cientistas conseguiram utilizar telescópios de todo o mundo, como o Very Large Telescope no Chile, para coletar alguns dados sobre o Oumuamua.
"O asteroide, denominado ‘Oumuamua pelos seus descobridores, tem até 400 metros de comprimento e é altamente alongado — talvez 10 vezes mais longo do que largo. Essa proporção é maior do que a de qualquer asteroide ou cometa observado em nosso Sistema Solar até o momento. Embora a sua forma alongada seja bastante surpreendente, e ao contrário dos asteroides vistos no nosso Sistema Solar, pode fornecer novas pistas sobre como outros sistemas solares se formaram", a NASA descreve.
Para tentar compreender um pouco mais sobre o que é Oumuamua e como ele oferece uma janela de sabedoria sobre objetos cósmicos de outros sistemas solares, reunimos informações de astrônomos e outros especialistas da área.
O que é Oumuamua?
Na ocasião da descoberta, o físico da Universidade de Harvard (EUA), Avi Loeb, propôs que o objeto possa ser um tipo de nave espacial, sonda ou lixo de uma civilização alienígena. Caso fosse lixo, poderia ter chegado próximo do nosso sistema por coincidência, mas Loeb disse que uma sonda poderia ter sido enviada intencionalmente para estudar a região.
Em um artigo publicado na revista científica Astrophysical Journal Letters, Loeb descreve que a forma de aceleração do objeto interestelar não, 'bate' com as características de um asteroide ou cometa. Para o cientista, a hipótese extraterrestre pode fazer mais sentido.
"É certamente engenhoso mostrar que um objeto do tamanho de ‘Oumuamua pode ser enviado por alienígenas para outro sistema estelar com nada além de uma vela solar como energia. Mas não se deve aceitar cegamente esta hipótese inteligente quando há também uma explicação mundana (e a priori mais provável) para 'Oumuamua — nomeadamente que é um cometa ou asteroide visto de longe", disse o astrônomo sênior do Instituto SETI, Seth Shostak, em um e-mail ao site NBC News.
O objeto interestelar Oumuamua foi detectado por meio do telescópio Pan-STARRS1 (PS1), no Havaí, e continua sendo um mistério para muitos cientistas.Fonte: Getty Images
Em outro artigo publicado em 2023, dois cientistas apresentaram uma explicação mais natural para as estranhas características de Oumuamua, incluindo sua forma peculiar de aceleração. Eles explicam que ao viajar por milhões de anos no espaço interestelar, Oumuamua estocou uma alta quantidade de hidrogênio molecular; esse elemento pode ter se transformado em gás na presença do Sol.
Os pesquisadores descrevem que a liberação do gás pode ter sido a reação responsável pela aceleração do objeto durante a trajetória no Sistema Solar; descrito como um asteroide ou cometa. Como ele passou rapidamente pela Terra e foi pouco observado, boa parte dos investigadores acredita que essa seja uma das melhores explicações — mas muitos concordam que ainda é necessário coletar mais dados sobre o objeto.
Os mistérios de objetos interestelares como Oumuamua
Uma equipe de astrônomos afirma que ainda é possível estudar o Oumuamua, mas seria necessário enviar uma missão para observar o objeto em 2028; a sonda chegaria após aproximadamente 26 anos. Nomeada de Projeto Lyra, a missão criada pela organização inglesa Iniciativa para Estudos Interestelares propõe lançar uma sonda espacial a fim de coletar dados da rochas interestelares.
Oumuamua foi o primeiro objeto interestelar observado pelos pesquisadores e pouco depois, em 2019, eles conseguiram observar o segundo objeto do tipo, nomeado de 2I/Borisov. Por isso, a ideia do Projeto Lyra é enviar a missão para estudar ambas as rochas cósmicas.
A partir das duas descobertas, os astrônomos suspeitam que a incidência de objetos interestelares no Sistema Solar seja muito maior do que se imaginava. O cientista planetário da Universidade da Califórnia em Los Angeles, David Jewitt, sugere que apenas na órbita de Netuno podem existir aproximadamente 10 mil objetos interestelares com tamanhos semelhantes ao do Oumuamua.
O estudo de objetos interestelares é muito importante para auxiliar os cientistas na compreensão de algumas questões importantes sobre o universo. Afinal, entender mais sobre rochas cósmicas de outros sistemas pode ajudar a detalhar o processo de formação de objetos em sistemas exoplanetários.
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