Com risco de cair no pleonasmo, podemos afirmar que as coisas estão quentes no Sol neste momento. Informações do satélite geoestacionário GOES têm reportado ocorrências constantes de poderosas explosões solares que causam frequentes apagões de rádio na Terra. Uma delas, divulgada em dezembro, foi considerada pela NASA a mais forte dos últimos seis anos.
No entanto, toda essa atividade faz parte de um ciclo de 11 anos em que os polos do nosso astro-rei se invertem. Isso ocorre porque a atividade solar aumenta e diminui durante esse período, conhecido como ciclo de Schwabe, nome do astrônomo alemão que descobriu essa periodicidade, contando o número de manchas solares observadas entre 1826 e 1843.
Ele percebeu que, durante 11 anos, o Sol vai de um período calmo, sem nenhuma mancha solar, até sua fase máxima, em que 20 ou mais grupos de manchas solares podem ser contadas. Por essa teoria, a inversão dos polos aconteceria em 2025, mas uma equipe de cientistas propõe que isso irá ocorrer ainda neste ano.
Como funcionam os ciclos solares?
A inversão dos polos ocorre devido a mudanças na estrutura magnética do Sol. Durante o mínimo solar ela tem uma forma de dipolo, configuração em que os polos magnéticos norte e sul da estrela estão relativamente bem definidos e alinhados com o seu eixo de rotação. Nessa fase, o fluxo magnético aberto vai das regiões polares para o espaço interplanetário.
Já o máximo solar é uma estrutura mais complexa caracterizada pela presença de regiões ativas de baixa latitude e enfraquecimento dos campos polares. Isso resulta em regiões de campo aberto espalhadas, e muitas vezes desorganizadas. O cenário é propício para o aumento de flares solares, ejeções de massa coronal e outros fenômenos explosivos.
Segundo a NASA, isso ocorre porque "os campos magnéticos do Sol sobem através da zona de convecção e irrompem através da fotosfera até a cromosfera e a coroa". A atividade solar causada por essas erupções acaba tendo impactos importantes na atividade espacial ao redor da Terra, e também em sistemas de comunicação e navegação por satélite.
Manchas solares: áreas onde o campo magnético do Sol é mais forte
As manchas solares parecem mais escuras porque não recebem toda a luminosidade. Fonte: NASA/Solar Dynamics Observatory/Joy Ng
À medida que o campo magnético sobe até a superfície do Sol, normalmente perto das regiões equatoriais da estrela, ele se manifesta como manchas solares. Uma mancha solar é vista como "escura" porque o aumento do magnetismo bloqueio a passagem de calor para a área. Por isso, essa região é mais "fria" (só 4 mil graus Celsius) e brilha menos que o resto do Sol.
Cada mancha vem em pares: um magneticamente positivo e outro, negativo. A maioria desses pares simplesmente se dissolve à medida que as manchas solares decaem, mas deixam um remanescente de fluxo magnético de uma carga ou outra.
Essas "sobras" têm normalmente uma polaridade contrária ao do hemisfério solar no qual aparecem. Assim, conforme esse material circunda o Sol, esses restos migram em direção ao polo do hemisfério em que surgiram, anulando um pouco do campo magnético ali presente.
Em qual momento do ciclo solar estamos agora?
O próximo máximo solar está previsto para ocorrer até outubro de 2024.Fonte: NASA/Goddard Space Flight Center
Dito isso, surge a grande questão: em qual momento do ciclo solar estamos neste momento? Como mostram todos os indicativos de satélites ambientais, a atividade do Sol está aumentando dia a dia. O próximo máximo solar está previsto para algum momento entre janeiro e outubro deste ano.
Porém, uma equipe de pesquisadores que já havia feito previsões solares mais acertadas que as da NASA no passado acredita ter uma previsão mais correta. Eles propõem uma nova forma de prever os ciclos solares com base em eventos chamados "terminadores". Essas ocorrências se baseiam em surtos de atividade solar no fim de um ciclo para outro, quando uma atividade anula a próxima.
Chamado de ciclo Hale (equivalente a dois ciclos solares), esse evento terminador ocorre até dois anos após o mínimo. “Se você medir a duração de um ciclo, não do mínimo ao mínimo, mas de terminador a terminador, verá que há uma forte relação linear entre a duração de um ciclo e quão forte será o próximo”, explica o pesquisador da NASA. Robert Leamon ao Space.com. Esse método prevê a mudança do campo magnético solar em meados de 2024, meses antes do máximo solar.
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