Enquanto a maioria dos cientistas procura planetas fora da Terra, uma equipe de investigação interdisciplinar pode ter descoberto pedaços de um antigo planeta dentro do nosso. De acordo com um novo estudo publicado recentemente na revista Nature, duas gigantescas anomalias sísmicas do núcleo terrestre seriam na verdade "relíquias enterradas do material do manto de Theia", um protoplaneta que colidiu conosco e formou a Lua.
Descobertas na década de 1980, essas duas manchas do tamanho de um continente inteiro são chamadas por sismólogos de grandes províncias de baixa velocidade (LLVPs nas iniciais em inglês). Reconhecidas por suas altas concentrações de ferro, que altera a velocidade das ondas sísmicas, elas estão localizadas, uma sob a África e outra sob o Oceano Pacífico.
O estudo atual, baseado em métodos computacionais de dinâmica de fluidos, oferece não só importantes insights sobre o enigma das LLVPs no interior da Terra, mas também sugere evidências da existência de Theia, além dos detritos que formaram a Lua. durante o "impacto gigante" ocorrido há 4,5 bilhões de anos.
Material que formou a Lua é o mesmo das LLVPs do núcleo da Terra
Chamado de “Impactador de formação da Lua como fonte de anomalias do manto basal da Terra”, o novo artigo aponta, de forma conclusiva, o chamado impacto Gigante como a fonte original das LLVPs.
O principal autor do estudo, Qian Yuan, pós-doutorando no Laboratório Sismológico do Caltech, em Pasadena nos EUA, participava de um seminário sobre formação planetária, quando o palestrante falou sobre o impacto gigante. Na hora, o pesquisador percebeu que a Lua é relativamente rica em ferro.
“Logo depois de Mikhail [Zolotov] ter dito que ninguém sabe onde está o impactador, tive um 'momento eureka' e percebi que o impactador rico em ferro poderia ter-se transformado nas manchas do manto”, disse Yuan.
Conclusões sobre o afundamento de Theia no núcleo da Terra
Quando Theia colidiu com a Terra, muitos pedaços afundaram em nosso planeta.Fonte: Hongping Deng/Hangzhou Sphere Studio
Conforme o estudo, "nossas simulações canônicas do impacto gigante" mostraram que, quando Theia colidiu com a Terra, liberou uma quantidade imensa de energia, que pulverizou o material derretido dos dois protoplanetas. Uma parte escapou da órbita terrestre e outra se fundiu na Lua. No entanto, uma grande porção do impactador permaneceu afundada dentro da forma fundida da Terra.
No entanto, uma parte considerável da energia entregue pela colisão permaneceu nas regiões superiores da Terra e não penetrou no núcleo, segundo as simulações de Yuan. Isso significa que o nosso manto inferior não foi tão aquecido quanto as pesquisas anteriores teorizaram.
Em um release, o coautor Hongping Deng, do Observatório Astronômico de Xangai, diz que, ao contrariar a noção tradicional de homogeneização da Terra primitiva, as novas descobertas mostram que “o impacto gigante que formou a Lua parece ser a origem da heterogeneidade do manto inicial, e marca o ponto de partida para a evolução geológica da Terra ao longo de 4,5 bilhões de anos".
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