Em meados de 1930, o astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh descobriu a existência do planeta Plutão — algumas décadas depois, ele foi reclassificado com o título de ‘planeta anão’. Por muito tempo, os cientistas acreditavam que o corpo celeste era o único além da órbita de Netuno; não é à toa que Plutão é considerado o maior objeto transnetuniano em raio, contudo, não é o mais massivo deles.
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Comumente, quando os astrônomos utilizam o termo 'planeta transnetuniano', eles se referem a um planeta anão além de Netuno que não obedece todos os critérios para ser um planeta. Por exemplo, Netuno é considerado um 'planeta transnetuniano', mas não atende todas as classificações para ser um planeta.
Mas o termo ‘planeta transnetuniano’ não está exatamente correto, pois ele é usado informalmente para explicar a existência de um planeta além de Netuno. A expressão correta é objeto transnetuniano (TNO), pois os astrônomos não encontraram apenas planetas além de Netuno; trata-se de alguns objetos com características específicas.
Para explicar um pouco mais sobre o que são os objetos transnetunianos, o TecMundo reuniu informações de cientistas e especialistas da área.
O que são os objetos transnetunianos?
Os objetos transnetunianos, abreviados como TNOs, são classificados como qualquer objeto cósmico na órbita do Sistema Solar, mas mais distantes do que a distância média de Netuno. Os TNOs estão em média a aproximadamente 30 Unidades Astronômicas (UA) de distância do Sol, ou seja, 4,488 bilhões de quilômetros. Como estão a uma longa distância, o Sol não é capaz de iluminar ou 'esquentar' a região como acontece em outros planetas, por isso, é considerada uma parte escura e extremamente gelada do universo.
Além de ser considerado o primeiro objeto transnetuniano a ser descoberto, Plutão é o mais popular entre eles; os TNOs encontrados costumam ser binários, o próprio Plutão é conectado à lua Charon.Fonte: Getty Images
Como estão tão distantes do Sol, os astrônomos observam os TNOs como pequenos pontinhos de luz; em muitas ocasiões, como ao visualizar Plutão, eles aparecem com uma cor vermelha opaca. Os cientistas já descobriram quase três mil objetos transnetunianos, contudo, eles acreditam que existem milhares de outros 'perdidos' que só precisam ser identificados.
“Os maiores objetos transnetunianos (TNOs) representam uma coleção extremamente diversificada de corpos primitivos no sistema solar exterior. A comunidade normalmente se refere a esses objetos como "planetas anões (Dps)", embora a União Astronômica Internacional (IAU) reconheça oficialmente apenas quatro [planetas] TNOs, como Plutão, Éris, Makemake e Haumea”, é descrito em um artigo na revista Science.
Atualmente, Eris é considerado o objeto transnetuniano mais massivo já descoberto; enquanto no ponto mais próximo do Sol, ele está 38 vezes mais longe do que a Terra, no ponto mais distante, ele está até 100 vezes mais longe.
Cinturão de Kuiper
A maioria dos objetos transnetuniados descobertos pelos astrônomos está localizada no Cinturão de Kuiper, uma região do sistema solar que se estende até 50 UA de distância do Sol. Por exemplo, os planetas anões Plutão, Eris, Makemake e Haumea estão localizados do Cinturão de Kuiper; mas é provável que existam milhares de outros TNOs espalhados pela região.
A região foi descoberta pelo astrônomo e professor holandês Gerard Kuiper, quando publicou um artigo científico que teorizava sobre a possibilidade de existirem outros objetos cósmicos além de Plutão. Até por isso, alguns cientistas referem-se a eles como objetos do cinturão de Kuiper (KBOs), mas o termo objeto transnetuniano (TNOs) é muito mais usado na comunidade científica.
Os corpos celestes no Cinturão de Kuiper, como na imagem, são formados por materiais como gelo, rocha, metano, amônia e água.Fonte: NASA / ESA / SwRI / JHU / APL
“Os astrônomos acreditam que os objetos gelados do Cinturão de Kuiper são remanescentes deixados para trás a partir da formação do sistema solar. Semelhante à relação entre o cinturão de asteroides principal e Júpiter, é uma região de objetos que poderiam ter se unido para formar um planeta, caso Netuno não estivesse presente. Em vez disso, a gravidade de Netuno agitou tanto essa região do espaço que os pequenos objetos gelados ali não conseguiram se unir para formar um planeta grande”, a NASA descreve em uma publicação oficial.
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Comumente, os TNOs identificados no Cinturão de Kuiper são conhecidos por suas órbitas mais diferentes, provavelmente, por conta dos efeitos gravitacionais dos planetas gigantes na região, como o próprio Netuno. Inclusive, apesar de os poucos TNOs observados, os astrônomos sugerem que existem centenas de milhares de objetos na região que possuem 100 quilômetros ou mais de largura.
De qualquer forma, há uma grande diversidade entre os objetos transnetunianos, com diferentes tamanhos, formatos e cores. Além disso, eles não estão distribuídos uniformemente pelo espaço, por poderem ser agrupados conforme as formas e tamanho das suas órbitas.
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