O planeta Terra é formado por diversas camadas, incluindo o núcleo interno, o núcleo externo, o manto inferior, o manto superior, a crosta terrestre. Alguns desses nomes são bastante populares, mas poucas pessoas compreendem o que é e qual é a importância da astenosfera, a camada quente e semifluida que pode ser encontrada abaixo da litosfera.
Ao observarmos a Terra por nossos olhos, é possível imaginar que o planeta é composto praticamente por uma rocha sólida, contudo, existem diferentes camadas que contribuem para o funcionamento correto de nosso sistema terrestre. Por exemplo, a astenosfera é responsável por auxiliar na convexão dos movimentos das placas tectônicas, um papel fundamental na geologia da Terra.
A astenosfera é formada por uma parte da região superior do manto da Terra e, em sua maioria, é composta por rocha sólida. Apesar disso, as altas temperaturas e pressões podem auxiliar a 'amolecê-la’, assim, ela se transforma em uma forma semifluida.
Para ajudar a explicar um pouco mais sobre o que é a astenosfera, o TecMundo reuniu informações de cientistas e especialistas da área.
O que é a astenosfera?
A astenosfera está logo abaixo da camada sólida mais externa do globo, conhecida como litosfera, localizada a dezenas de quilômetros da superfície. Apesar de estar logo abaixo de uma parte sólida, ela é formada por uma camada mais espessa e com a presença de rocha parcialmente derretida, fluindo lentamente em todo o planeta.
Na maioria das vezes, os cientistas e especialistas se referem a crosta e ao manto da Terra, pois são compostos de diferentes minerais e elementos químicos; mas ambas são rígidas — enquanto a litosfera inclui a crosta e o manto superior, a astenosfera é responsável por todo o resto do manto. Por isso, referir-se à litosfera e à astenosfera pode ser mais fácil para oferecer uma melhor compreensão em relação ao tema.
A litosfera funciona como a camada externa mais dura do planeta e, logo abaixo, está a astenosfera com seu 'recheio' semifluido, permitindo que as placas tectônicas 'flutuem' sobre ela. Inclusive, a camada também é responsável pelo desenvolvimento de terremotos, vulcões e formação de montanhas. Em um exemplo mais simples, é como se litosfera rochosa deslizasse pela 'geleia derretida' na astenosfera.
Em uma explicação simplista, é como se a litosfera rígida, composta pelas placas tectônicas, flutuasse na astenosfera semifluida.Fonte: GettyImages
"As placas tectônicas flutuam no topo da astenosfera, e a principal teoria dos últimos 40 anos é que a litosfera se move independentemente da astenosfera, e a astenosfera só se move porque as placas a arrastam. Observações detalhadas da astenosfera feitas por um grupo de pesquisa de Lamont retornaram uma imagem mais matizada e sugeriram, entre outras coisas, que a astenosfera tem uma velocidade constante em seu centro, mas está mudando de velocidade em seu topo e base, e que às vezes parece fluir em uma direção diferente da litosfera”, disse uma das autoras de um estudo sobre o fluxo da astenosfera, Alana Semple, estudante de graduação da Rice University, nos Estados Unidos.
Quase toda a astenosfera é composta por peridotito, um tipo de rocha ígnea densa que é rica em magnésio e ferro; ela constitui maior parte do manto do planeta. Localizada entre 100 e 700 quilômetros abaixo da superfície da Terra, a rocha acaba se 'fundindo' por conta da pressão e das altas temperaturas na região — cerca de 240 mil vezes maior que a pressão atmosférica ao nível do mar. Ou seja, apesar de não ser uma camada líquida, apenas semifluida, a astenosfera permite a movimentação das rochas rígidas acima dela.
Importância da astenosfera para a Terra
É justamente a interação entre a astenosfera e a litosfera que causa a maioria das formações geológicas espalhadas por toda a superfície da Terra. Isso acontece por conta do processo de movimentação das placas tectônicas, ou seja, pedaços gigantescos da crosta que 'flutuam' sobre as rochas derretidas da astenosfera.
As temperaturas elevadas da astenosfera são causadas pela decomposição de elementos radioativos e do núcleo da Terra, com pressões de até 24 gigapascais.Fonte: Reprodução/ZME Science
Imagine que a astenosfera é uma grande camada de neve em uma montanha íngreme, e que a litosfera é formada pelas pedras sobre essa neve. Por exemplo, quando a neve se move em uma avalanche, ela causará a movimentação dessas pedras; além de se movimentar, essas pedras podem se chocar e ganhar outros formatos. Da mesma forma, é isso que acontece no interior da Terra, possibilitando que as placas tectônicas se movam e causem terremotos, novas montanhas, vulcões e até a deriva continental.
"Se o fluxo principal fosse o manto sendo cisalhado pela placa acima dele, onde a placa apenas arrasta tudo consigo, preveríamos uma direção rápida diferente do que observamos. Nossos dados sugerem que há outros dois processos no manto que são mais fortes: primeiro, a astenosfera está claramente fluindo por conta própria, mas em uma escala mais profunda e menor; e segundo, a expansão do assoalho oceânico na dorsal produz uma estrutura litosférica muito forte que não pode ser ignorada”, disse o coautor de um estudo sobre o funcionamento do manto abaixo da superfície da Terra, James Gaherty, geofísico do Observatório da Terra Lamont-Doherty, nos Estados Unidos.
É importante destacar que a astenosfera não está realmente flutuando, pois suas rochas não são completamente líquidas. Contudo, ela é responsável pela movimentação das placas tectônicas devido a sua característica semifluida, principalmente em suas regiões mais quentes.
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