De acordo com um estudo conduzido por uma equipe de cientistas da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, parece que o núcleo da Terra está envolto em uma estrutura antiga que não havia sido detectada até então. Trata-se de um antigo fundo oceânico entre o núcleo e o manto do planeta, observado a aproximadamente 2,9 mil quilômetros abaixo da superfície da Terra.
Publicado na revista científica Science Advances, o estudo firma que a camada oceânica é fina e densa, situada na região do núcleo externo, onde há fluídos metálicos derretidos que encontram o manto rochoso acima dele — a região é conhecida como o limite núcleo-manto (CMB). A descoberta foi realizada após os cientistas observarem um mapa de alta resolução da "geologia subjacente abaixo do Hemisfério Sul da Terra".
O mapa foi criado por meio de imagens sísmicas do interior da Terra e revela o que, provavelmente, é um 'fundo oceânico afundado'. Anteriormente, os cientistas só observaram manchas isoladas desta formação, contudo, os novos dados sugerem que talvez esse antigo fundo oceânico seja responsável por cobrir a 'fronteira' entre o núcleo e o manto da Terra.
O possível antigo fundo oceânico foi detectado por meio de uma técnica que utiliza a sismografia para estudar as propriedades do interior da Terra.Fonte: Universidade do Alabama
“Investigações sísmicas, como a nossa, fornecem imagens da mais alta resolução da estrutura interior do nosso planeta, e estamos descobrindo que esta estrutura é muito mais complicada do que se pensava. Nossa pesquisa fornece conexões importantes entre a estrutura superficial e profunda da Terra e os processos gerais que impulsionam o nosso planeta”, disse a geóloga da Universidade do Alabama, Samantha Hansen, quando o estudo foi divulgado em abril de 2023.
Antigo fundo oceânico
A partir de dados coletados em 15 estações sismológicas de monitoramento na Antártica, os cientistas conseguiram mapear o fundo oceânico por meio de ondas sísmicas de terremotos que ocorreram nos últimos três anos — um tipo de ‘radiografia’ de alta qualidade. Os pesquisadores perceberam que as ondas sísmicas reduziam significativamente quando passavam por essa região, classificando-as como zonas de velocidade ultrabaixa (ULVZs).
Os pesquisadores colocaram equipamentos sísmicos em 15 estações sismológicas na Antártica.Fonte: Universidade do Alabama
Os cientistas explicam que as ULVSz podem ser explicadas por antigos fundos oceânicos; eles acreditam que pode ser a explicação mais plausível, contudo, não é única hipótese. Os próximos estudos sísmicos devem ajudar a explicar o que é estrutura fina e densa entre o núcleo e o manto da Terra.
"Analisando os milhares de registros sísmicos da Antártica, nosso método de imagem em alta definição encontrou finas zonas anômalas de material na fronteira do núcleo-manto (CMB) em todos os locais que investigamos. A espessura desse material varia de alguns quilômetros a dezenas de quilômetros. Isso sugere que estamos observando montanhas no núcleo, em alguns lugares com até 5 vezes a altura do Monte Everest", disse um dos autores do estudo e associado da Universidade Estadual do Arizona, Dr. Edward Garnero.
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