O mundo dos microrganismos ainda nos reserva gratas surpresas, principalmente quando estão ocultos nas profundezas abissais dos oceanos.
Em estudos recentes, pesquisadores da China e do Japão, publicaram descobertas intrigantes, direto do fundo do mar. O mundo da microbiologia é sem dúvidas, uma caixinha de surpresas.
Uma bússola interna
O estudo dos pesquisadores japoneses coletou amostras de chaminés de hidrotermais nas Fossas Marianas, no oceano pacífico, e encontrou algo bem interessante. Bactérias magnetotáticas são microrganismos que produzem magnetita e greigita, que envoltas em membranas, formam magnetossomos.
Essa formação única confere um superpoder a esse tipo de organismo: elas conseguem sentir e se guiar nas linhas de campo magnéticas da Terra, como se tivessem uma bússola interna. A espécie já é conhecida desde meados dos anos 1970, mas a novidade está em sua localização!
Os magnetossomos servem como uma bússola interna para as bactérias.Fonte: Getty Images
Pela primeira vez foram encontradas em regiões profundas no mar, próximas a chaminés de hidrotermais. Outra característica desse grupo em específico é o formato de seus magnetossomos, que lembram o formato de projéteis.
Para os pesquisadores, essa seria uma forma primitiva da bactéria, datando seu desenvolvimento nessa região, além de fornecer pistas sobre como podem ter chegado até ali.
Vivendo com o inimigo
Já a pesquisa chinesa, encontrou nos abismos oceânicos outra surpresa: a descoberta de uma espécie de bactéria. Chamada de Poriferisphaera hetertotrophys, ela possui uma relação única com seu vírus bacteriófago, além de participar do ciclo do nitrogênio e fazer sua metabolização.
Ao contrário de outros organismos da família Planctomycetes, a nova cepa se reproduz bem em condições com muitos nutrientes. E na presença de nitrogênio, libera um vírus, o "fago-ZRK32", que ao invés de destruí-la, convive com ela sem maiores complicações.
Vírus bacteriófagos conseguem destruir bactérias específicas, o que não ocorre com a bactéria descoberta.Fonte: Getty Images
Para os pesquisadores, estudar essa nova cepa bacteriana pode responder sobre como acontece o ciclo do nitrogênio em regiões tão profundas no mar, e como a relação entre a bactéria e seu bacteriófago contribuem para que isso ocorra.
Trazendo a tona
Assim como o espaço, o fundo do mar ainda é muito pouco explorado. Devido à limites de tecnologia, não é possível dizer com exatidão o que os mares guardam abaixo de sua superfície.
Conforme os meios de exploração são desenvolvidos, mais conseguimos dar uma espiadela em indícios da vida de microrganismos marítimos e até sobre a formação do nosso próprio planeta. Até lá, só nos resta ir galgando aos poucos, ainda no escuro, esperando as surpresas que emergem dos oceanos.
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