Há pouco, foi anunciado mais um passo para a desativação da usina de Fukushima Daiichi, após ela ser atingida por um tsunami em 2011 e destruída. O governo do Japão disse que começará a despejar as águas residuais da usina no oceano a partir desta quinta-feira (24); a China e Coreia do Sul não ficaram satisfeitas com o plano, pois não foi provado que a água é descontaminada e segura.
Segundo as autoridades do Japão, aproximadamente 1,34 milhão de toneladas de água contaminada está contida em cisternas de aço, porém, não há mais espaço no local. Apesar de não provar que a água foi descontaminada, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) concluiu que a liberação não causará nenhum impacto significativo na saúde das pessoas ou no meio ambiente.
A operadora da usina Tokyo Electric Power (Tepco) afirma que a água contaminada tem apenas 63 becquerels de trítio por litro, ou seja, pouca radioatividade — quanto mais becquerels, mais há radioatividade na água. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que o limite para a água potável é de 10.000 becquerels por litro.
O governo explica que é necessário liberar a água para desativar a usina de Fukushima por completo.Fonte: Getty Images
“Não creio que a liberação [de água contaminada] destruiria irreparavelmente o Oceano Pacífico. Nós não vamos morrer. Esta não é essa situação. A raiz deste problema é que eles já estão avançando com um plano que ainda não mostrou que funcionará. Eles estão dizendo: ‘Podemos fazer isso funcionar. Trataremos disso quantas vezes forem necessárias.’ Se você quiser colocar um apelido neste plano, é ‘confie em nós; nós cuidaremos disso’”, disse o radioquímico marinho e conselheiro do Fórum das Ilhas do Pacífico, Ken Buesseler.
O que aconteceu em Fukushima?
Em 11 de março de 2011, um terremoto causou um tsunami que atingiu os reatores da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi em Okuma, na província de mesmo nome. Os eventos causaram um incidente nuclear que iniciou explosões em três reatores; o acidente é considerado o mais significativo desde a explosão em Chernobyl.
A água contaminada está sendo guardada desde que o tsunami destruiu a usina; o plano é liberar a água ao longo de 30 anos. Apesar disso, as nações vizinhas não gostaram muito da decisão, nem os próprios japoneses; após o anúncio, diferentes grupos de manifestantes começaram a protestar contra a decisão.
"(Liberar) isto no mar terá impacto em todo o planeta. O Japão estaria espalhando intencionalmente elementos radioativos", disse um residente de Fukushima, Yukio Kanno, em um protesto do Greenpeace. "O desastre nuclear de Fukushima não acabou. Desta vez, apenas cerca de 1% da água será liberada. De agora em diante, continuaremos lutando por muito tempo para impedir o descarte prolongado de água contaminada”, disse o protestante Jun Iizuka à agência Reuters.
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