Após cinco anos de pesquisas, uma equipe de arqueólogos do Instituto Indiano de Tecnologia e do Serviço Geológico da Índia anunciou a descoberta de um novo dinossauro que, além de inédito naquela região, é o registro fóssil de dicraeosaurídeo (saurópodes herbívoros de pescoço comprido) mais antigo do mundo.
Por ter sido descoberta no deserto de Thar, próximo à cidade indiana de Jaisalmer, a nova espécie recebeu o nome de Tharosaurus indicus. Diferente dos tradicionais saurópodes do Cretáceo — que tinham crânio pequeno e pescoço e cauda alongados — - o T. indicus tem depressões na lateral dos ossos do pescoço e espinhos neurais emparelhados.
Embora parentes dos gigantescos saurópodes pescoçudos, os dicraeossaurídeos eram dinossauros menores, que se diversificaram entre os períodos Jurássico Médio ao Cretáceo Inferior (entre 174 e 100 milhões atrás). Comuns na África e na América do Sul, esses diplodocoides (clado de dinossauros com rabo de chicote) jamais haviam sido rastreados na Índia anteriormente.
Procurando dinossauros saurópodes na Índia
Comparação de tamanho entre o T. indicus e um ser humano.Fonte: @heysaikumar/X
O deserto de Thar, onde o T. indicus foi achado, é atualmente uma região árida e escaldante do estado de Rajasthan, no oeste da Índia. Mas a paisagem era totalmente diferente durante a Era Mesozoica, encerrada há 66 milhões de anos. A região era então uma área costeira ao longo do Oceano Tethys, habitada por grandes dinossauros e criaturas marinhas.
Os pesquisadores acreditam que essa área possivelmente teve um papel importante no surgimento dos neossaurópodes, um subgrupo dos saurópodes que também tinham pescoços longos e se alimentavam de vegetação, mas apresentavam corpos menores.
Por isso, a descoberta do T. indicus é apenas um primeiro passo para outras que virão. Trabalhos posteriores poderão dar pistas importantes sobre a origem dos saurópodes, e também sobre como essa espécie se dispersou.
Qual a importância da descoberta desse fóssil de dinossauro?
Vértebras dorsais do T. indicus.Fonte: Bajpai et al.
Em uma entrevista ao Economic Times, o primeiro autor do estudo, professor Sunil Bajpai do Instituto Indiano de Tecnologia em Roorkee, explicou que “O significado desta descoberta está em sua antiguidade”. Após montar o quebra-cabeça de ossos do corpo central do T. indicus espalhados por 25 metros quadrados, a equipe chegou ao diplodocoide mais antigo conhecido.
A descoberta do T. indicus coloca a Índia como um importante sítio de diversificação dos neossaurópodes, afirmou ao The New York Times o coautor do estudo, Debajit Datta. Para ele, essa conclusão pode ser fundamentada quando se leva em conta a formatação dos continentes, durante o Jurássico Médio.
O novo táxon indiano detectado "é a relíquia de uma linhagem que se originou na Índia e passou por uma rápida dispersão pelo resto da Pangeia", diz o estudo. A pesquisa coloca a Índia Gondwana no cerne da origem e evolução dos dinossauros neossaurópodes na Terra.
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