Desde que começamos a olhar para cima, a Via Láctea tem sido uma das protagonistas do céu noturno, inspirando nossa imaginação e instigando o desejo de conhecer as maravilhas celestes. Mas até nossa galáxia um dia deixará de existir. O que reserva o futuro dessa ilha cósmica que chamamos de casa?
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Representação artística da Via Láctea.Fonte: NASA
A Via Láctea, é uma imensa estrutura em espiral composta por centenas de bilhões de estrelas e planetas, gás interestelar, poeira cósmica e uma vasta quantidade de componentes ainda pouco compreendidos. Com seu diâmetro de aproximadamente 100 mil anos-luz, a Via Láctea divide com Andrômeda o pódio das maiores galáxias de uma região do Universo conhecida como Grupo Local, composta também por pouco mais de 50 outras galáxias menores.
Representação do Grupo Local de galáxias.Fonte: Ezzy Pearson
Com o passar do tempo, as galáxias interagem entre si, principalmente devido à atração gravitacional e seus efeitos, como as interações de maré. Embora seja comum pensar no efeito de maré nos “puxões” que a Lua faz nos oceanos da Terra, causando as protuberâncias que geram as marés altas e baixas, em termos de interações galácticas, os efeitos de marés são um pouco mais sutis.
Pense no seguinte: a porção de uma pequena galáxia que está mais próxima de uma galáxia grande será atraída com uma força gravitacional maior, enquanto sua parte mais distante experimentará uma força de atração menor. Como resultado, pequenas galáxias são esticadas e eventualmente dilaceradas por suas interações com as maiores.
Conjunto Arp 248, constituído por um conjunto de galáxias interagentes.Fonte: NASA/Hubble
As pequenas galáxias que fazem parte do nosso grupo local – incluindo as nuvens de Magalhães e todas as anãs elípticas – serão destruídas exatamente dessa maneira, e sua matéria será incorporada às galáxias maiores com as quais elas se fundirão. Mas esse está longe de ser o principal cenário do destino final da Via Láctea.
Cerca de 4 bilhões de anos no futuro, a atração gravitacional mútua da Via Láctea e Andrômeda, situada a 2,5 milhões de anos-luz de nós, colocará ambas em uma dança gravitacional, levando a uma grande e espetacular fusão. Embora todo esse processo leve bilhões de anos para ser concluído, a estrutura espiral de ambas as galáxias será inteiramente destruída, resultando na criação de uma única e gigante galáxia elíptica no centro de nosso grupo local.
A galáxia de Andrômeda.Fonte: NASA/Hubble
Durante a fusão, uma pequena porcentagem de estrelas será ejetada por completo de ambas as galáxias, ficando para sempre órfãs no espaço intergaláctico. A maioria das estrelas (e também dos planetas), contudo, permanecerá ilesa graças às vastas distâncias interestelares. Eventualmente, as outras galáxias restantes do Grupo Local também serão sugadas, alimentando ainda mais essa galáxia gigante, composta pelos restos canibalizados de todas as demais.
Esse processo eventualmente se repetirá em todos os grupos e aglomerados de galáxias ao longo de todo o Universo. Mas se uma supergaláxia existirá, isso não é ainda um fim, correto?
Correto. Porém, mesmo essa galáxia é composta de uma quantidade finita de estrelas, gás e poeira. Centenas de bilhões de anos após as últimas galáxias do nosso grupo local terem desaparecido, as estrelas dentro da supergaláxia continuarão a queimar seu combustível por mais de dez trilhões de anos, e do gás, poeira e cadáveres estelares espalhados por cada galáxia, novas estrelas nascerão - embora em números cada vez menores e com menos frequência - durante todo esse tempo.
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Quando as últimas estrelas se extinguirem e não houver criação de outras novas, dezenas de quatrilhões de anos no futuro, ainda assim, no centro desse remanescente galáctico estará um buraco negro supermassivo, a última estrutura que desaparecerá, uma vez que ele ficará tão grande quanto puder. Mas mesmo esse superburaco negro deixará de existir.
O buraco negro supermassivo será a última estrutura a desaparecer.Fonte: ESA
Se as previsões teóricas estiverem corretas, graças ao fenômeno da radiação de Hawking, esses objetos irão decair em algum intervalo de tempo entre 1080 e 10100 anos, dependendo de quão massivo seja o buraco negro supermassivo ao fim do processo.
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Quando isso finalmente acontecer, os remanescentes que orbitam o centro galáctico finalmente se desprenderão, deixando apenas um halo de matéria escura para trás, que pode se dissociar, dependendo de quais forem as propriedades da matéria escura.
Sem matéria deixada dentro, o que antes era nosso poderoso Grupo Local, formado pela nossa casa, a Via Láctea e muitas outras galáxias vizinhas, finalmente não existirá mais.
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