Uma pesquisa publicada nesta semana na revista Earth and Planetary Science Letters propõe a existência de uma gigantesca ilha vulcânica em um antigo oceano no planeta Marte. Liderado por cientistas da Universidade de Paris-Saclay, na França, o estudo mostra que o gigantesco vulcão marciano Olympus Mons "compartilha semelhanças morfológicas com ilhas vulcânicas ativas na Terra".
O Olympus Mons fica em uma região geológica localizada no hemisfério ocidental do Planeta Vermelho chamada Tharsis Montes. Um verdadeiro titã, a montanha é considerada a mais alta do Sistema Solar, com 21,9 km de altura, de acordo com as leituras do instrumento Mars Orbiter Laser Altimeter (MOLA), da espaçonave Mars Global Surveyor (MGS) da NASA.
Segundo o estudo, a borda superior da escarpa principal concêntrica ao redor do vulcão, que mede 6 km de altura, foi "provavelmente formada por lava fluindo para a água líquida quando a estrutura era uma ilha vulcânica ativa, durante o final de Noachian - início de Hesperian", período geológico ocorrido há aproximadamente 3,7 bilhões de anos.
Uma nova pista sobre os oceanos marcianos antigos
Resumo gráfico do artigo.Fonte: Hildebrand et al.
A área de Tharsis Montes sempre foi considerada meio esquisita pelos astrônomos e astrobiólogos que a estudaram. Com cerca de 5 mil km de diâmetro e até 7 km de altura, a região é considerada um "hotspot", termo que na Terra equivale a locais da litosfera onde existe atividade vulcânica considerável e contínua.
Embora essa ocorrência, criada por uma ou mais colunas de magma quente subindo pelo manto, em muito se assemelhe às ilhas do Havaí, uma possível correlação com os níveis do mar existentes no passado marciano foi negligenciada pelos estudos anteriores, afirmou ao Universe Today o primeiro autor do artigo, Anthony Hildebrand, da UPSaclay.
Quais as implicações da nova pesquisa?
Representação da ilha vulcânica no meio do oceano marciano desaparecido.Fonte: Hildebrand et al.
Conforme Hildebrand, essas linhas costeiras vulcânicas teorizadas no artigo "podem ser uma testemunha inequívoca do nível do mar passado, onde a pesquisa de vestígios do início da vida (matéria orgânica) pode ser direcionada".
Isso significa que definir onde e quando os antigos oceanos de Marte se localizavam pode ser um ponto de partida para a compreensão dos modelos climáticos do planeta. Essas informações poderiam fixar alguns limites sobre a quantidade inicial de água líquida e a existência de uma atmosfera estável, até o momento em que os gases dissolvidos no magma foram liberados na atmosfera pelo vulcão.
Agora, as linhas costeiras vulcânicas propostas podem ser datadas por radiometria, para rastrear a água líquida inicial dos oceanos de Marte e sua evolução através das eras.
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