Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
A simulação de um ser humano na conversação, através de chat, isso é o papel de um Chatbot. É puramente o uso da tecnologia a favor do atendimento humanizado. O mais famoso deles, o ChatGPT, é um chatbot de Inteligência Artificial da empresa OpenAI.
Os chatbots já estão presentes no atendimento de muitas empresas, você já deve ter lidado com algum robô. Mas a ferramenta também pode, fornecer informações e serviços de saúde, no sentido de melhorar o estilo de vida das pessoas. Em um recente estudo, pesquisadores estavam interessados em saber o impacto dos chatbots nos hábitos de atividade física, alimentação e sono.
Chatbots podem aumentar atividade física, consumo de frutas/verduras e melhorar o sono?Fonte: Getty Images
Entenda o estudo
Pesquisadores da Austrália reuniram estudos para avaliar a eficácia de chatbots para melhorar três aspectos do estilo de vida: atividade física (movimento total e número de passos), a dieta (consumo de frutas e vegetais) e o sono (duração e qualidade).
O número de estudos nesse tema cresce: um primeiro estudo analisando o impacto dos chatbots na atividade física reuniu apenas 7 estudos, enquanto no mais atual mais que dobrou, são 15.
Apesar das pesquisas serem iniciais e dificultarem conclusões sólidas, as intervenções com chatbots foram eficazes para atividade física, pois aumentaram mais de 700 passos por dia das pessoas e cerca de 103 minutos por semana de atividade física de intensidade moderada a vigorosa; para dieta também, pois aumentou pelo menos 1 porção de frutas e legumes por dia; e no sono, com melhora na qualidade e na duração, com um aumento de 45 minutos por noite.
Esses são efeitos de tamanho pequeno a moderado, mas pode ser um começo. Se considerarmos a nível populacional, já é um avanço, considerando a pandemia de inatividade física e hábitos insalubres que vivemos.
O robô por si só pode não ter grande poder. Mas algumas características presentes nos chatbots, que derivam de teorias de mudança comportamental consolidadas explicam o resultado positivo, como: estabelecimento e revisão de metas, automonitoramento, identificação e solução de problemas como as barreiras para hábitos melhores, motivação, feedback, apoio, aconselhamento individualizado e educação. Essas técnicas compõem estratégias eficazes para mudanças de comportamento relacionado à saúde.
A maioria dos chatbots também enviou lembretes diários, prompts, metas e mensagens informativas, o que pode ser interessante para pessoas em estágios iniciais de uma mudança na vida em relação a se exercitar, comer e dormir melhor.
Mas existem desvantagens. As maiores barreiras ao uso de chatbots nessa área foram um conteúdo repetitivo, problemas técnicos e preocupações das pessoas em relação à segurança e privacidade.
Chatbots via texto ou voz: o que é mais eficaz?
O estudo não mostrou diferença entre chatbots baseados em texto ou voz, para atividade física e sono, porém para aumentar o consumo de frutas e vegetais, os em texto foram mais eficazes.
Os pesquisadores inferem que isso pode ter ocorrido, pois os chatbots em texto foram implementados através de smartphones, como carregamos nossos aparelhos para todos os lados e usamos a qualquer hora, aumentamos a chance de atuação dele. Enquanto os chatbots por voz foram limitados ao uso em casa, como na Amazon Alexa.
Apesar de recentes, os apontam algum benefícios do uso de chatbots no aumento dos hábitos saudáveis. Fonte: Getty Images
Chatbots são mais uma ferramenta que dão acesso a informação, podem traçar metas e monitorá-las, e funcionam para uma ampla gama de populações, incluindo pessoas com câncer, sobrepeso e obesidade, e de idade variando entre 9 e 72 anos.
Porém eles dificilmente tornarão a atividade física mais divertida e prazerosa. Uma forma simples e efetiva de fazer isso é tornar o exercício (um tipo de atividade física) uma atividade social, mas com humanos de verdade.
A maioria das pessoas que tem acesso aos chatbots, já entendem que hábitos saudáveis são importantes e talvez não precisem de mais informações sobre os benefícios do exercício à saúde ou porquê fazê-los, mas sim de boas experiências durante seus treinos, o que pode inclusive impactar nos outros componentes do estilo de vida. Se movimentar mais pode levar a melhor alimentação e sono.
Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/CEFID/UDESC). É autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos, e apresenta o programa Exercício Físico e Ciência na rádio UDESC Joinvile (91,9 FM); o programa também está disponível em podcast no Spotify.
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