Na última semana, muito se falou sobre o submersível que implodiu em uma expedição que tinha como objetivo a observação dos destroços do navio Titanic, que afundou em 1912. Para que fosse bem-sucedido, o submersível deveria conseguir suportar a pressão exercida por aproximadamente quatro mil metros de água do mar.
Considerando que, aproximadamente, a cada dez metros abaixo da água, a pressão é equivalente a uma atmosfera, estaríamos falando de mais de 400 atmosferas de pressão!
Para que tenhamos uma noção, a pressão atmosférica, a nível do mar, vale 100.000 Pascal, que é a unidade de pressão do Sistema Internacional de Unidades. Esse valor de pressão corresponde a uma massa de 10 toneladas sendo colocada sobre cada metro quadrado da superfície da Terra e sobre tudo que está em contato com o ar atmosférico.
Isso pois, a pressão exercida pelos fluidos, como é caso do ar atmosférico e da água do mar, por exemplo, não é aplicada somente de cima para baixo, mas sim por todos os lados. Essa pressão possui o mesmo valor para tudo que se encontra no mesmo “nível”. O nível é definido pela coluna de fluido que se encontra acima do ponto em questão, ou seja, a pressão atmosférica é a mesma para tudo que está ao nível do mar e fica gradativamente menor para tudo o que está em altitudes maiores.
A pressão exercida pela água do mar é um dos maiores desafios para à exploração dos oceanos. Fonte: Getty Images
Entretanto, se a pressão atmosférica é tão grande, por qual motivo não somos esmagados por ela, assim como o submarino foi esmagado pela pressão da água do mar? A explicação para isso se dá simplesmente pelo fato de que nós possuímos a mesma pressão interna e externa. Isto é, nosso corpo está cheio de ar (não só nos pulmões) e, assim, não há diferença de pressão entre o lado de dentro e o lado de fora do nosso corpo.
É possível sentir uma diferença entre a pressão interna e externa em nosso corpo quando estamos variando nossa altitude em relação ao nível do mar e, consequentemente, variando o valor da pressão atmosférica a que estamos submetidos. Por exemplo, quando trafegamos pelas serras para ir ou voltar da praia, sentimos, em nossos ouvidos uma diferença de pressão entre o ar que está dentro e o ar de fora do nosso corpo. Essa diferença é mais facilmente sentida nos ouvidos por conta de um “atraso” no deslocamento do ar entre o nariz e a parte interna do ouvido.
Em casos mais extremos, é exatamente uma diferença de pressões que é capaz de produzir forças enormes que são capazes de sustentar aviões ou de implodir um submarino. A existência dessas forças causadas pela pressão da água do mar é um dos motivos pelos quais podemos dizer que, de certa maneira, a exploração espacial está mais avançada do que a exploração do fundo do mar.
Uma espaçonave deve suportar uma diferença de pressão equivalente a apenas uma atmosfera, já um submarino pode precisar suportar diferenças de centenas ou milhares de atmosferas entre a pressão interna e externa.
Entretanto, desde o ano passado, a Nasa, agência espacial estadunidense, começou a direcionar mais recursos para a exploração das profundezas do mar. Isso pois, veículos que mergulharam até a zona hadal (uma região do fundo mar com profundidades de até 11 quilômetros!) encontraram ecossistemas inteiros repletos de vida marinha.
Até pouco tempo atrás, os cientistas pensavam ser impossível que a vida pudesse resistir a tamanhas pressões e com essa descoberta e com o futuro estudo dessas formas de vida, podemos ter uma nova chave para entender que o universo pode estar repleto de formas de vida que nem conseguíamos imaginar.
Fontes