Nos últimos anos, astrônomos de todo o mundo têm explorado a intrigante possibilidade da existência de um nono planeta em nosso Sistema Solar. Conhecido popularmente como Planeta Nove (e também Planeta X), esse corpo celeste hipotético tem despertado o interesse da comunidade científica e o entusiasmo dos amantes de astronomia.
Representação artística do suposto Planeta Nove no Sistema Solar.Fonte: ESO/Tom Ruen/nagualdesign
Desde a descoberta de Plutão, em 1930, a configuração do nosso Sistema Solar foi ampliada para incluir outros corpos celestes além da órbita de Netuno, conhecidos como objetos transnetunianos – TNOs, da sigla em inglês para transneptunian objects.
Alguns desses objetos, que compreendem uma infinidade de rochas espaciais congeladas e alguns planetas anões, parecem exibir um alinhamento orbital incomum e uma inclinação diferente daquelas que são previstas pelos principais modelos teóricos. Essas pequenas irregularidades no padrão de movimento orbital de alguns, impulsionou a criação da hipótese de que algum outro corpo, ainda não detectado, estaria perturbando-os gravitacionalmente.
Um dos primeiros indícios observacionais dessa natureza veio no ano de 2014, quando o astrônomo Scott Sheppard e sua equipe observaram um TNO conhecido como Sedna. A órbita excêntrica e isolada de Sedna sugeriu que algo com uma massa substancial, localizado ainda mais distante, poderia estar influenciando seu movimento.
Desde então, outros TNOs com características semelhantes foram descobertos com irregularidades similares, impulsionando a ideia da existência de um nono planeta.
Lista dos 8 maiores objetos transnetunianos.Fonte: Planetary Society
Dois anos depois, em 2016, surgiu a evidência mais convincente da existência de um Planeta Nove. A análise realizada pelo astrônomo Konstantin Batygin e pelo astrofísico Mike Brown de seis objetos transnetunianos muito distantes levou a conclusão de que a única explicação plausível para suas órbitas peculiares era a presença de um planeta cerca de 10 vezes maior que a Terra, localizado a uma distância média de 600 unidades astronômicas do Sol – aproximadamente 90 bilhões de quilômetros do Sol.
Os principais modelos teóricos indicam que, se existir, o Planeta Nove provavelmente possui uma órbita altamente elíptica e leva cerca de 15.000 anos para dar uma volta completa ao redor do Sol. Se essas previsões estiverem corretas, devido à sua distância e ao seu provável tamanho, sua detecção direta é extremamente complexa. Para ter ideia dessa dificuldade, imagine encontrar uma formiga, a olho nu, a uma distância de 1000 quilômetros.
Representação da órbita do Planeta Nove.Fonte: JPL/NASA
Porém, alguns telescópios atuais e os novos observatórios que estão previstos para serem lançados no futuro próximos, estão prontos para encarar o desafio de buscar o suposto Planeta Nove. Observatórios terrestres equipados com tecnologias avançadas, como o telescópio Subaru, localizado no Havaí, e o telescópio Vera C. Rubin, em construção no Chile, preveem realizar pesquisas detalhadas em regiões distantes do Sistema Solar, mapeando vastas áreas do céu noturno em busca de mais anomalias que possam indicar a presença do nono planeta.
Além disso, missões espaciais planejadas, como a Nancy Grace Roman Space Telescope, que contará com um poderoso sistema de observação no infravermelho, promete fornecer uma visão mais abrangente e detalhada das partes mais remotas do Sistema Solar, o que certamente aumentará as chances de detectá-lo.
Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, previsto para ser lançado ainda nesta década.Fonte: NASA
A existência de um nono planeta no Sistema Solar teria implicações significativas para o nosso conhecimento sobre a formação e evolução dos sistemas planetários. Sua possível descoberta poderia fornecer compreensões inéditas sobre a história do nosso próprio sistema estelar e sobre os mecanismos que levaram à formação de planetas em geral, incluindo a própria Terra. Em especial, o Planeta Nove poderia também auxiliar a entender melhor a origem de objetos transnetunianos e como diferentes influências gravitacionais moldam a estrutura do Sistema Solar.
Mesmo que, até o momento, o Planeta Nove não passe de uma hipótese, está é natureza primordial da ciência: a busca constante de conhecimento acerca da realidade e a reformulação de teorias à luz de novas descobertas.
Enquanto a busca por desvendar os segredos do Cosmos prossegue, a nossa imaginação continuará sendo alimentada enquanto mergulhamos na vastidão e na complexidade do espaço.
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