Em estudo publicado na revista Communications Biology, pesquisadores do EMPA, Suíça, e Departamento de Neurologia do Hospital Cantonal em St. Gallen, descrevem como a microscopia de força atômica pode ser uma aliada para se avaliar a progressão da doença de Alzheimer.
Sempre na corrida por um diagnóstico precoce, pesquisadores tem se debruçado para alcançar técnicas mais eficientes para diagnóstico e tratamento de doenças neurodegenerativas.
A doença de Alzheimer é o tipo mais comum de demência, e acomete principalmente pessoas acima dos 65 anos. Ocorre pelo acúmulo de proteínas Tau e beta-amiloide nas células neuronais.
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Alzheimer acarreta em perda de memória e cognição.Fonte: Getty Images
Os fatores desencadeantes para o acúmulo anormal dessas proteínas continuam em investigação. Não há cura para a doença. Mas é sabido que quanto mais cedo o paciente recebe o diagnóstico, melhores são as chances de manejo e controle da doença.
Como se analisa a progressão da doença?
Outra pergunta ainda sem resposta era como se pode analisar o quão avançada está a progressão da doença.
Em testes clínicos e laboratoriais, é possível analisar as perdas cognitivas ou a quantidade de proteínas presentes no sangue, ou no líquido cefalorraquiano, mas não o quanto a doença está em progressão. Porém os pesquisadores do EMPA podem ter conseguido mais um aliado para esse fim.
O tamanho das fibrilas proteicas podem ser uma pista para se saber o quanto uma doença pode ter avançado.Fonte: Reprodução EMPA
Analisando o tamanho de fibrilas proteicas presentes no líquido cefalorraquidiano (LCR) de 33 pacientes com a doença, os pesquisadores podem ter encontrado algo promissor.
Utilizando microscopia de força atômica eles puderam analisar a composição e tamanho das fibrilas em uma escala nano.
Comparando o material coletado dos participantes, eles puderam observar que pessoas saudáveis não apresentavam conglomerados desses componentes no LCR, ou então, as fibrilas proteicas eram curtas e simples.
No entanto, em pacientes com Alzheimer o tamanho e complexidade das fibrilas era notável.
Quanto mais espessas e emaranhadas, mais a doença progrediu.Fonte: Getty Images
Os pesquisadores observaram que os pacientes que apresentavam mais sinais e sintomas, possuíam fibras maiores e mais emaranhadas, correlacionando assim, a progressão da doença à complexidade encontrada nas estruturas fibrilares.
Para os cientistas, a nova técnica pode ser mais uma ferramenta para analisar e diagnosticar a doença de Alzheimer, ainda nos estágios iniciais, através da análise da composição das fibrilas.
Para os próximos ensaios, a equipe pretendem aumentar o número de participantes, e utilizar a técnica para analisar fibrilas em amostras de sangue, a fim de facilitar ainda mais o diagnóstico.