Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Você provavelmente já sentiu uma forte empolgação ao ouvir uma música dentro do carro, no ônibus ou durante suas atividades do dia a dia. Nos exercícios físicos, a música pode ser uma boa estratégia para turbinar os treinos. Ela tem efeitos ergogênicos, ou seja, permite a melhora do desempenho no exercício, e isso está comprovado cientificamente. Entenda aqui o porquê desse efeito e qual a melhor música para essas situações, de acordo com a ciência.
Uma meta-análise recente estabeleceu que a música reduz o esforço percebido durante o exercício. A música aumenta a motivação, o humor e o prazer de se exercitar enquanto reduz sensações desagradáveis associadas ao exercício, sendo esses efeitos psicológicos.
Um custo intrínseco do exercício é o esforço, o qual pode ser aversivo para muitas pessoas e dificultar a relação delas com os treinos. Uma estratégia para driblar essa dificuldade é levar a atenção para longe do esforço, o que chamamos de foco de atenção dissociativa externa, em que há foco em estímulos irrelevantes no ambiente como objetos no local, sons do ambiente ou música.
Estudos confirmam que música pode tornar o exercício físico mais prazeroso (Getty Images)
As investigações sobre a relação entre música e exercício não é algo novo. Um estudo de 1911 com atletas em um evento de ciclismo de 6 dias observou que eles tiveram melhor desempenho quando uma banda militar tocava em comparação com quando não havia música. Segundo o autor, “a música tem uma influência estimulante real e considerável no esforço físico.”
Se você corre, um pequeno, mas significativo efeito pode ocorrer na utilização de oxigênio, efeito fisiológico que pode ser explicado a partir dos elementos rítmicos da música que aumentam a eficiência biomecânica dos movimentos, como um ajuste, às vezes até imperceptível, nas passadas de acordo com as batidas da música, o que aumenta a fluidez e reduz o custo energético da corrida.
Um estudo demonstrou que quando praticantes de musculação não focaram sua atenção no levantamento de peso e sim em uma música (no caso “Rhythm of the Night” de Corona), a ativação dos músculos do braço deles foi maior.
Essa pode ser uma estratégia para tirar o foco de sensações desagradáveis geradas pela fadiga muscular e completar algumas repetições a mais nos treinos. Se você treina musculação, um grande pesquisador da área reuniu evidências e concluiu:
Um efeito maior pode ser esperado quando a música é de ritmo mais rápido (120 batidas por minuto - bpm) com volume de 70 a 80 decibéis, que parece corresponder ao barulho de rua, campainha ou liquidificador ligado.
A música mais tocada em 2022, “As It Was” de Harry Styles tem 174 bpm, já “Enemy” de Imagine Dragons é mais lenta com apenas 77 bpm. Uma das mais tocadas de 2023, “Flowers” de Miley Cirus tem quase o considerado ideal – 118 bpm.
O Colégio Americano de Medicina do Esporte sugere ritmos (bpm) de músicas de acordo com as modalidades, sendo as atividades de alto impacto as mais aceleradas, como as modalidades de ginástica em academia. Mas que tipo de música é o ideal? Isso não se mostra tão importante, e usar a preferência individual em relação ao gênero musical parece produzir um efeito de desempenho mais consistente, ou seja, escute o que você gosta!
A música pode aumentar a motivação durante o exercício físico (Getty Images)
Na ciência da motivação, cada vez mais uma coisa se destaca: a importância de experiências agradáveis nos exercícios, como o prazer. A música é uma estratégia com capacidade de promover tais experiências. Se o som da academia não ajuda, e é difícil agradar a todos os gostos musicais, considere o uso de fones de ouvido (aqui estão algumas opções para treinar), selecione suas músicas e viva o momento de cada treino!
Em outros momentos, não deixe de aproveitar os sons naturais do ambiente durante seu exercício, em que você usufrui dos benefícios sinérgicos do movimento e do contato com a natureza, sendo uma ótima medida para saúde mental.
Fábio Dominski é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/CEFID/UDESC). É autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos, e apresenta o programa Exercício Físico e Ciência na rádio UDESC Joinvile (91,9 FM); o programa também está disponível em podcast no Spotify.
Fontes