O ano inicia com uma boa notícia para os brasileiros com sobrepeso e obesidade: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou no Brasil a primeira medicação injetável de aplicação semanal para o tratamento da doença crônica. Publicada na segunda-feira (2) no Diário Oficial da União, a liberação envolve a chamada caneta de semaglutida (2,4 mg), vendida com o nome de Wegovy.
A semaglutida já é conhecida nas farmácias brasileiras como um remédio para controle do diabetes tipo 2 – também sob os nomes de Ozempic e Rybelsus –, mas, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos no ano passado, a medicação passou também a ser indicada para pessoas com algum grau de obesidade (Índice de Massa Corporal/IMC maior ou igual a 30 kg/m²) ou sobrepeso somado a comorbidades.
Como funciona a semaglutida?
Fonte: Shutterstock/Reprodução.Fonte: Shutterstock
A nova droga aprovada no Brasil funciona através de uma “imitação” do GLP-1, um hormônio produzido pelo intestino humano que sinaliza a existência de alimento naquela parte do corpo. Em entrevista ao O Globo, o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Miranda, explicou que esse mecanismo modula a velocidade na qual o estômago é esvaziado.
Além de regular o esvaziamento do citado órgão, o GLP-1 causa a sensação de saciedade no hipotálamo no cérebro, diz Miranda. Dessa forma, o Wegovy teria a função de regular essa balança da saciedade, que geralmente não funciona nos casos de pessoas com algum grau de sobrepeso, obesidade ou mesmo no diabetes.
Fonte: Redes sociais/Reprodução.Fonte: Redes sociais
Preço e efeitos colaterais
Como a semaglutida já vinha sendo usada no Brasil na forma off label — quando o médico receita um medicamento indicado na bula para outra doença ou sintoma – a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk solicitou o uso da caneta à Anvisa no fim de 2021. Com a aprovação, ainda não há previsão da chegada do medicamento ao Brasil, nem o seu preço. Nos EUA, o tratamento mensal sai por US$ 1.349 (cerca de R$ 7,3 mil).
Em testes realizados com 1.961 adultos com alto índice de massa corpórea, durante um acompanhamento de 104 semanas, não ocorreram efeitos colaterais graves, embora tenham sido relatados alguns eventos gastrointestinais, como náuseas e vômitos, o que indica necessidade de acompanhamento médico.