No domingo (9), uma pesquisa apresentada no evento da Sociedade de Geologia Americana, em Denver, sugere que o impacto pelo meteoro Chicxulub, que dizimou os dinossauros, tenha causado mega-terremotos e tsunamis, por dias e meses após sua queda.
A queda do meteoro Chicxulub, há aproximadamente 66 milhões de anos atrás, levanta diversas teorias sobre seu papel, não apenas na extinção dos dinossauros, mas também em como afetou a Terra e suas transformações geológicas.
As marcas de seu impacto, de dimensões catastróficas, são estudadas a partir da análise da camada sedimentar do solo, chamada de fronteira K-Pg, que é que o marco entre as eras cretácea e paleogeno, onde há abundante presença de irídio.
Segundo a pesquisa os abalos sísmicos provocados pela queda do meteora foram de 10 pontos, ou mais, na Escala Richter, e causaram impactos por semanas ou meses após o evento.
Fonte: Gettyimages
Mas além do elemento químico, Hermann Bermúdez encontrou outros sedimentos que podem trazer nova luz aos acontecimentos após o impacto. Durante uma expedição em 2014, em Gorgonila, Colômbia, ele encontrou indícios geológicos bastante interessantes.
Formadas a partir da pressão e da temperatura causadas pelo impacto do meteoro, minúsculas esférulas de vidro presentes na fronteira K-Pg, chamadas de "tectitas e microtectitas", foram identificadas por Bermúdez. Além de serem encontradas na Colômbia, os achados se repetem no México, local onde reside a cicatriz do impacto na Península do Yucatán, e também nos Estados Unidos.
Para o grupo de investigação Paleoexplorer, ligado à Universidade Estadual Montclair, Nova Jersey, as esférulas são indícios do que aconteceu durante e após o impacto, não apenas na superfície, mas também, no mar.
O meteoro Chicxulub foi o responsável pela extição dos dinossauros, há aproximadamente 66 milhões de anos atrás.
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Para Hernann, as amostras de solo observadas em Gorgonila são muito ricas, pois na época do impacto, estava submersa e não sofreu com a ação dos tsunamis, mantendo "a cena" dos acontecimentos bem preservada.
De acordo com os pesquisadores, mesmo abaixo do oceano, grandes massas de lama, sedimentos e microrganismos foram revirados pelo evento, se misturando e se agregando à fronteira K-Pg. Para os cientistas, essas novas evidências comprovam que o impacto, estimado em 1023 joules, tenha provocado abalos sísmicos de 10 pontos, ou mais, na Escala Richter, por semanas ou meses após o evento.
Esses mega-terremotos podem ter contribuído de forma crucial para os movimentos tectônicos, não apenas pelo abalo, mas também na formação de tsunamis, com ondas podendo chegar a centenas de metros. Mas os achados não param. A equipe também encontrou sedimentos de uma fina camada de esporos de samambaias, que eles estimam, ter sido a primeira amostra da reestruturação da natureza após o impacto.
Os pesquisadores estão animados com as descobertas, e continuarão com os estudos a fim de esclarecer mais detalhes sobre a importância de Chicxulub para as mudanças ocorridas na Terra, e em como a vida se reformulou após o evento.
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