Uma terapia conhecida como "Inibidor de checkpoint imunológico", utilizada para tratar pacientes com câncer, está sendo testada por uma equipe de cientistas brasileiros - do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) - e uruguaios como tratamento contra casos graves de covid-19.
A terapia estudada, que reativa o sistema imune e levou o Prêmio Nobel de Medicina em 2018, atua contra um mecanismo do corpo humano que faz com que células imunológicas linfócitos T parem de atuar, depois de um tempo, em inflamações exacerbadas.
Isso, no caso de pacientes graves de covid-19 - que precisam ser internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) após contrair o SARS-CoV-2 -, é indesejado.
Terapia contra câncer pode virar tratamento para covid-19 em casos gravesFonte: Shutterstock
Embora seja um tratamento de alto custo, segundo os pesquisadores, com a diminuição do número de pacientes graves ao redor do globo a alternativa pode ser viável - caso seja segura. Os primeiros testes foram feitos em camundongos e, depois, em células de pacientes com covid-19 grave, ambos em laboratório.
Os resultados demostraram que, em camundongos, o tratamento com inibidor de PD-1 (checkpoint que faz com que os linfócitos T parem de funcionar antes de resolvida a doença) conseguiu restaurar a função dos linfócitos T.
Depois, foram realizados experimentos com células saudáveis, posteriormente infectadas com o SARS-CoV-2, e com células que vieram de internados em UTI. Somente as últimas tiveram benefício com a administração do atezolizumab, a droga inibidora do PD-1 utilizada no estudo.
Segundo o artigo, isso ocorreu porque são os pacientes de casos graves que têm ativação exacerbada do inflamassoma, o que leva ao perfil de exaustão e à disfunção na imunidade.
Mas os pesquisadores alertam que os resultados ainda precisam ser vistos com cautela, pois estudos com pacientes de câncer que já faziam uso da terapia antes de contraírem covid-19 não mostraram benefício ou resultaram em associação negativa.
Novos estudos ainda serão necessários para entender melhor os efeitos do tratamento especificamente contra a covid-19.
Artigo: Science Advances - https://doi.org/10.1126/sciadv.abn6545.
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