Irritabilidade, problemas de concentração, cyberbullying, problemas posturais. Quais dessas condições você acha que estão relacionadas ao uso excessivo de telas por crianças e adolescentes?
De acordo com o manual de orientação #MenosTelas #MaiSaúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), não apenas esses, mas outros problemas de saúde podem estar relacionados ao uso em excesso das telas por parte dessa população em desenvolvimento.
Mas será que as telas são tão ruins e devem ser evitadas a qualquer custo? Veja se há benefícios, quais os riscos e as recomendações dos especialistas.
Ligado e conectado
As crianças estão cada dia mais expostas ao uso da tecnologia. Com certeza você já deve ter visto em um vídeo na internet, ou presencialmente, uma criança pequena utilizar o celular, entrando e saindo de aplicativos.
Mas apesar de ser engraçadinho ver aqueles dedinhos mexendo com destreza na tela, a exposição precoce a esse tipo de equipamento pode interferir em fatores importantes no neurodesenvolvimento dos pequenos.
Mas com a utilização das telas em múltiplas tarefas como estudos, comunicação, trabalho, lazer e entretenimento, quanto tempo de exposição seria é o ideal para crianças e adolescentes?
A exposição às redes sociais tem acontecido de forma cada vez mais precoceFonte: Shutterstock
Quais as recomendações dos especialistas?
De acordo com a SBP o tempo ideal de exposição varia de acordo com a faixa etária, sendo que de 0 a 2 anos, o uso de telas, mesmo que de forma passiva, é totalmente desaconselhado. Para as demais idades, segue:
- 2 anos a 5 anos: 1 hora por dia;
- 6 anos a 10 anos: entre 1 hora e 2 horas, por dia;
- 11 anos a 18 anos: entre 2 horas e 3 horas, por dia.
Além disso, as telas não devem ser utilizadas durante as refeições, e devem ser desligadas ao menos 2 horas antes de dormir. Também é recomendada a supervisão dos pais em relação ao conteúdo, seja o visualizado ou o compartilhado nas redes socais.
Nesse contexto, as horas de utilização não contemplam as atividades relacionadas a estudos, comunicação familiar ou com amigos, e sim horas de uso para entretenimento e lazer, como jogos, vídeos, filmes e redes sociais.
Especialistas orientam a evitar uso de telas durante as refeiçõesFonte: Shutterstock
Quais os riscos?
Os riscos são variáveis e dependem de diversos fatores. Mas a SBP e a American Psychological Association (APA) apontam como fatores preocupantes:
- Diminuição do rendimento escolar;
- Irritabilidade;
- Atraso na aquisição da fala;
- Problemas posturais;
- Exposição ao bullying e/ou cyberbullying;
- Sedentarismo e maior risco de obesidade;
- Transtornos de alimentação;
- Transtornos de imagem;
- Exposição a comportamentos de risco com autolesão;
- Aumento de problemas visuais e auditivos.
Alguns desses fatores de risco estão ligados diretamente às fases do desenvolvimento neurológico da criança, principalmente na primeira infância, quando o ferramental para aquisição motora e linguística ainda está sendo construído. Por isso o uso das telas nessa faixa etária é tão combatido.
Em relação à fase de adolescência, o uso de telas pode empobrecer relações sociais, causar problemas na regulação das emoções, gerar distúrbios de sono, danos ao desempenho escolar, e exposição à violência e conteúdo sexual.
Com as novas tecnologias, a tendência de permanecer mais tempo conectado virtualmente pode causar prejuízos a vida socialFonte: Shutterstock
Existe algum benefício?
Como a maioria das relações em nosso mundo, as relações entre crianças, adolescentes e telas é ambivalente. Devido ao contexto de pandemia, as telas foram uma importante ferramenta para informação, entretenimento e estudo.
Graças à tecnologia disponível, não precisamos mais consultar livros grossos, desatualizados e pesados para sabermos como um vulcão entra em erupção, basta fazer uma pesquisa rápida na internet.
Mas os benefícios no uso das telas têm maior sucesso quando mediados por um responsável. De acordo com estudos levantados pela APA, as crianças pequenas e adolescentes têm um melhor desempenho quando acompanhados pelos pais ou responsáveis.
Quais as alternativas ao uso de telas?
O envolvimento das crianças e adolescente algumas vezes está atrelado à rotina familiar, sendo assim, para que a dinâmica funcione de maneira mais efetiva, a família toda pode se envolver em atividades que não utilizem telas.
Práticas esportivas, leitura, artes manuais, acampamento, escrita, são diversas as possibilidades que podem modificar essa dinâmica.
Firmar acordos de utilização, também pode ser uma alternativa, limitando não apenas o uso por partes das crianças e dos adolescentes, mas também dos adultos, promovendo mais interação, saúde e bem-estar para toda família!
Fontes