Os melhores hospitais do mundo são, comprovadamente, grandes centros acadêmicos. Mas eles são melhores porque publicam muito ou publicam muito e, por isso, são melhores? O fato de serem melhores que os demais decorre de serem acadêmicos? Ou seria o ambiente acadêmico, criado pelo ensino e pela pesquisa, em meio a um ambiente de assistência médica que impulsiona o avanço da Medicina, a melhoria de tratamentos e a formação de novos talentos?
De fato, os hospitais mais reconhecidos mundialmente são todos instituições de ensino, com fortes programas de residência médica e multiprofissional, com escolas próprias ou associadas às de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia, entre outras, apresentando fortes institutos de pesquisa.
Nesse ambiente, a geração de conhecimento fortalece as atividades de ensino e aprendizagem, que formam, atraem e retêm talentos. Na prática, essas instituições transformam o conhecimento das pesquisas em cuidado, qualidade e segurança para os pacientes.
Existem bons hospitais que não fazem ensino e pesquisa? Sim, há excelentes hospitais que se dedicam exclusivamente às ações assistenciais. A principal diferença entre essas instituições está no fato de que os hospitais que investem em pesquisa — por exemplo estudos sobre o Alzheimer — participam e definem como será a Medicina do amanhã.
Médicos auxiliam em pesquisa para desenvolver tratamentos voltados a complicações de saúde.Fonte: Getty Images
Já os demais aguardam esse desenvolvimento para só então incorporarem as novas práticas, tecnologias e inovações na rotina assistencial. Nesse contexto, vale uma reflexão sobre o papel das atividades de pesquisa inseridas nas instituições de ensino, em especial aquelas com programas de graduação.
Essa reflexão não é restrita à área da saúde e envolve também as engenharias, a computação, a economia, os programas de iniciação e de metodologia científica que fortalecem a capacidade crítica e analítica. Assim, mesmo que o profissional não siga uma carreira com viés acadêmico, ele será sempre capaz de avaliar a literatura e incorporar novos conhecimentos à sua prática diária.
Quais são os avanços no ensino e nas pesquisas?
O processo de ensino e aprendizagem sofreu enormes avanços com incorporação de tecnologias que "puxam" o aluno para o centro do próprio desenvolvimento. Nesse sentido, ter a pesquisa ao lado do ensino se torna mais uma importante ferramenta no processo de aprendizagem.
Dar ao aluno de graduação a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa desperta a curiosidade dele por novos saberes, aumenta seu repertório de habilidades e conhecimentos para uma avaliação crítica da literatura, além de métodos para abordar desafios futuros.
Para que tudo isso se concretize, as instituições devem buscar, além da infraestrutura necessária, um corpo docente com a formação necessária para essas atividades. Ter profissionais doutores que, além das atividades na graduação, estão envolvidos nos programas de mestrado e doutorado, liderando grupos de pesquisa, são condições necessárias para o sucesso dessa engrenagem.
Alunos de graduação aprendem com a experiência de participarem de projetos de pesquisa, alguns com bolsas de iniciação científica, tutorados por alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado, e com um corpo docente que se desenvolve a partir de novas titulações.
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Daí vem a pergunta: é possível ter boas faculdades sem uma atuação em pesquisa? Assim como no caso dos hospitais, sim, existem excelentes faculdades que não têm programas de pesquisa. Mas, novamente, elas utilizam o conhecimento disponível para montar suas estratégias pedagógicas de ensino e aprendizagem e, da mesma forma, por não estarem envolvidas na geração de conhecimento, não desenvolverão as competências e as habilidades de seus alunos.
É claro que, em uma turma de 100 alunos, não mais que uma meia dúzia seguirão a carreira em pesquisa. Por isso, podemos nos perguntar se tais habilidades seriam necessárias para o sucesso profissional.
Afinal, o que determina o sucesso profissional na área da saúde e pesquisa?
É importante definir o que representa o sucesso profissional. Por isso, definir o perfil do aluno que a instituição está formando para o mercado é fundamental para decidir que faculdade queremos construir.
Se esse sucesso profissional for medido por posições ou salários, certamente escolas com ou sem atividades de pesquisa estariam em igualdade de condições, pois o sucesso é encontrado nos dois grupos.
Porém, se entendermos como sucesso profissional o conjunto de habilidades e competências com as quais exercemos uma profissão, aí sim, podemos ter diferenças relevantes. Tal como desenvolver uma nanopartícula para tratar endometriose.
Então fica a pergunta: você quer liderar pela descoberta por meio da pesquisa ou atuar apenas pelo exemplo do ensino?
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