Com o aumento da identificação dos casos de varíola de macacos ao redor do mundo, as autoridades sanitárias discutem sobre a necessidade de ampliar a vacinação contra a doença. Até esta terça-feira (24) mais de 100 casos foram identificados ou estão sob investigação no mundo todo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mas será que vamos precisar de uma campanha de vacinação em massa contra a varíola de macacos?
Apesar de disponíveis em alguns países, as vacinas contra a doença estão direcionadas, até o momento, apenas a profissionais que atuam de forma direta com o vírus em laboratórios, profissionais da saúde expostos à contaminação, ou para familiares e pessoas próximas de indivíduos contaminados.
Atualmente são dois os imunizantes licenciados para uso nos Estados Unidos, sendo a vacina Jynneos, especificamente licenciada para a prevenção da varíola de macacos. O Imunizante para adultos, que é administrado em duas doses com intervalo de 28 dias entre elas, utiliza o vírus da varíola vivo (atenuado) e modificado, para que não haja replicação no corpo, não causando assim infecção.
Vacinação contra varíola de macacos pode se tornar opção para proteger populações mais vulneráveisFonte: Shutterstock
No entanto, somente a presença do microrganismo no corpo humano é suficiente para gerar uma resposta imunológica, e ainda que haja contaminação após o uso do imunizante, a doença tende a transcorrer de maneira mais branda.
O outro imunizante licenciado para uso nos Estados Unidos chama-se ACAM2000. No entanto essa vacina, que é de primeira geração, tem efeitos colaterais significativos.
Caso fosse necessário seu uso em maior escala, deliberações sobre o custo benefício de sua utilização deveriam ser amplamente discutidos, de acordo com Jennifer McQuiston, vice-diretora da Divisão de Patógenos e Patologia de Alta Consequência do Centro Nacional de Doenças Infecciosas Emergentes e Zoonóticas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
Devido a essa crescente notificação de casos ao redor do mundo, alguns países como a Alemanha, Grã-Bretanha e os Estados Unidos têm se preparado para oferecer imunização para as pessoas mais expostas ao risco de contaminação.
De acordo com a agência Reuters, a Alemanha encomendou 40 mil doses da fabricante Bavarian Nordic. Por sua vez, a Grã-Bretanha iniciou a vacinação de profissionais da saúde que estão mais expostos à infecção. Já os Estados Unidos contam com mil doses da vacina Jynneos, e aproximadamente 100 milhões de doses da ACAM2000, de acordo com McQuiston.
Segundo a OMS, a vacina contra a varíola humana, doença considerada extinta há mais de 40 anos, têm eficácia de cerca de 85% contra a varíola de macacos. A doença proveniente dos animais é uma versão mais branda da doença humana que já foi erradicada.
Pela ausência de novos casos da varíola humana nos últimos anos, a vacinação contra a doença não está no calendário de vacinação atualmente. Até o momento, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) recomenda medidas não farmacológicas para prevenir o contágio, como o uso de máscaras e o distanciamento físico.