O uso de um spray nasal de insulina pode atrasar o surgimento de Alzheimer e outros tipos de demência relacionadas à idade em pessoas com e sem diabetes tipo 2. Os dados são de um estudo realizado pelo hospital Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC), nos Estados Unidos, publicado no Journal of Neurology no dia 28 de abril.
Nos pacientes com diabetes tipo 2, o uso da insulina intranasal trouxe melhora na velocidade de caminhada e no fluxo sanguíneo cerebral, além de diminuir a insulina no sangue. Nos participantes sem a doença, ou com a condição chamada de pré-diabetes, os pesquisadores notaram melhoras na memória verbal e na capacidade de tomar decisões.
“A velocidade de caminhada é um importante preditor clínico de bem-estar em idosos que se correlaciona com declínio cognitivo, hospitalizações, incapacidade e morte. Na linha de base, os participantes com diabetes andavam mais devagar e tinham pior cognição do que os participantes sem diabetes, que serviram como referência clínica para o envelhecimento normal da população”, disse uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, Vera Novak, em comunicado publicado pelo hospital.
Uso de insulina na forma de um spray nasal mostrou potencial para tratar demências relacionadas ao envelhecimentoFonte: Shutterstock
O estudo foi realizado com 223 participantes com idades entre 50 e 85 anos e que possuem ou não diabetes. Então, os pesquisadores trataram os pacientes com insulina intranasal e, depois de 24 semanas, avaliaram suas velocidades de caminhada, atenção, humor, função executiva e memória — alguns participantes também receberam placebo via intranasal para comparação dos resultados.
O objetivo da insulina intranasal é enviar o hormônio diretamente para o cérebro, mas o spray não substituiria a insulina comum em pacientes diabéticos. Inclusive, os cientistas perceberam que maiores melhorias foram encontradas naqueles pacientes que iniciaram o tratamento quando estavam pré-diabéticos.
Sabe-se que a falta de produção de insulina pode ser responsável por um maior risco de Alzheimer em pessoas com pré-diabetes ou diabetes, e que a insulina atua sobre o cérebro. Em estudos anteriores, a insulina aplicada ao cérebro já demonstrou potencial para tratar o declínio cognitivo nos mais velhos.
De acordo com Long Ngo, professor da Escola de Medicina de Harvard e principal autor do estudo, a estratégia de usar a insulina intranasal merece mais atenção e deve ser estudada em pesquisas maiores para ter seus efeitos benéficos confirmados.
Segundo dados da Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês), cerca de 537 milhões de pessoas vivem com diabetes no mundo todo. No Brasil, estimativas apontam que o número de diabéticos pode passar dos 16 milhões.
ARTIGO Journal of Neurology: doi.org/10.1007/s00415-022-11119-6
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