Um novo tipo de enzima criada por engenheiros e cientistas da Universidade do Texas em Austin (Estados Unidos) mostrou-se capaz de quebrar os componentes químicos de plásticos em horas ou dias, representando a resolução de um importante desafio ecológico para o meio ambiente, que levaria normalmente séculos para fazer esse tipo de degradação sob condições naturais.
Chamada pela equipe de pesquisadores de FAST-PETase, a nova enzima tem potencial para solucionar um dos maiores problemas ambientais do planeta: o que fazer com os bilhões de toneladas de resíduos plásticos empilhados em milhares de aterros sanitários através do mundo, que poluem o solo e ameaçam os lençóis freáticos?
Concentrando seus esforços no conhecido tereftalato de polietileno – o popular PET –, presente em garrafas de refrigerante e embalagens de biscoitos, a equipe foi capaz de completar um "processo circular". Primeiro, quebrou o plástico em partes menores (despolimerização) e depois juntou-o quimicamente de novo (repolimerização). Em alguns casos, diz o estudo, o plástico se decompôs em monômeros em menos de 24 horas.
Como os cientistas produziram enzimas para degradar o plástico rapidamente?
De acordo com o estudo publicado em 27 de abril na revista Nature, os cientistas utilizaram hidrolases, enzimas que promovem a cisão de materiais orgânicos através do emprego da água. No entanto, introduziram um algoritmo de aprendizado de máquina para gerar mutações em uma enzima natural chamada PETase, que facilita a degradação de plásticos PET por bactérias.
O experimento envolveu o estudo de 51 embalagens plásticas termoformadas e descartadas, cinco tecidos e fibras de poliéster diferentes e garrafas de água, todas feitas de PET. Aplicada a FAST-PETase, os materiais foram quase completamente degradados em uma semana. Outro feito inédito foi acelerar a degradação dos plásticos em baixas temperaturas, o que foi obtido em processos abaixo dos 50º C.
A introdução da FAST-PETase pode representar um diferencial relativamente barato, portátil e escalável para os níveis industriais necessários.
ARTIGO Nature: DOI: 10.1038/s41586-022-04599-z.
Categorias