Com o desenvolvimento de novas técnicas para testagem e certificação de produtos, será que ainda é justificável as marcas usarem animais? Os testes em animais surgiram para que marcas de produtos cosméticos, farmacêuticos, alimentícios, ou quaisquer outros que possam causar danos à saúde humana, fossem previamente certificadas como seguras, antes de seguirem para comercialização.
Para garantia de qualidade, os animais escolhidos para os experimentos devem apresentar características celulares similares às dos humanos, e são facilmente reproduzidos. Com baixo custo de manutenção e criados em biotérios, ratos, coelhos e camundongos, são os mais utilizados para as pesquisas.
Ratos são frequentemente usados em laboratórios que fazem testes de novos produtosFonte: Shutterstock
Outros animais como macacos, ovelhas, cavalos, cães, entre outras espécies, também podem ser utilizados para os experimentos, mas envolvem um custo maior de manutenção, visto que a expectativa de vida dessas cobaias tende a ser maior do que a dos roedores.
Durante alguns anos, o uso desses animais pode ter sido justificável para segurança dos seres humanos, mas atualmente, novas técnicas, que não envolvem o uso de animais no processo de certificação das marcas, têm sido desenvolvidas. Esses métodos usam tecnologias com pele artificial, ou mesmo softwares capazes de avaliar e prever os riscos e interações entre as substancias presentes nos produtos e o corpo humano.
Entre as soluções desenvolvidas nos últimos anos está a pele artificial, que pode substituir a pele humana em experimentosFonte: Shutterstock
Além de não corroborar com a crueldade animal, esses novos métodos têm se mostrado mais eficazes do que os métodos “tradicionais”. Sendo assim, a justificativa das marcas de produtos para a utilização de animais no processo do desenvolvimento se tornam, muitas vezes, frívolas e desatualizadas.
Ralph pelos direitos dos animais
Em abril de 2021, a campanha “Salve o Ralph” foi veiculada pelo canal do Youtube da Humane Society International (HSI). Em uma simulação de entrevista, o coelho que tem várias sequelas, consequências de seu trabalho como cobaia, conta seu dia-a-dia e a importância do seu trabalho.
Promovendo a conscientização sobre as condições em que esses animais vivem, e a forma como são tratados, a campanha levantou questionamentos sobre a continuidade dessas práticas.
Com isso, diversas marcas passaram a buscar o certificado de “cruelty free”, indicando que seus produtos não passaram por nenhum processo que envolva a testagem ou manipulação animal. Há também linhas de produtos considerados “veganos”, que além de não realizarem testes em animais, também não utilizam nenhum produto de origem animal nas formulações.
Para que selos como o da People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), sejam conquistados, as marcas devem enviar uma documentação comprobatória de que a empresa e seus fornecedores, não utilizaram e nem utilizarão animais em seus processos.
Selos que comprovam que as marcas não realizam testes em animais, ou que não tenham nenhum produto de origem animal em suas formulaçõesFonte: Shutterstock
Mas por que as marcas ainda fazem testes em animais?
Infelizmente, ainda existem países com leis que exigem que as marcas de alguns tipos de produtos passem por testes em animais para certificação de segurança.
No Brasil não existe essa obrigatoriedade, mas por questões financeiras, e porque não, culturais, muitas marcas ainda optam por continuar utilizando animais no processo de desenvolvimento de seus produtos.
Em alguns estados brasileiros, como São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Paraná, Pará, Minas Gerais e Pernambuco, os testes em animais já foram proibidos.
Atualmente, existem ao menos três projetos de lei na câmara legislativa para que seja votado o banimento dos testes em animais no país, assim como a importação e comercialização de produtos que tenham utilizado esse tipo de método durante sua certificação.
Com a garantia de que as novas tecnologias oferecem mais segurança e qualidade nos produtos, assim como apresentam uma maior eficácia na detecção de problemas, não há justificativa para que não façamos escolhas melhores, dando preferência a produtos que respeitem a vida, e que estejam dentro de padrões éticos de fabricação.
Fontes