*Este texto foi escrito por uma colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Proxima Centauri é a estrela mais próxima do nosso Sistema Solar, estando a apenas 4 anos-luz de distância. Isto é, a luz demora cerca de 4 anos para viajar a distância entre Proxima Centauri e o Sol. Além disso, a estrela, que é uma anã vermelha, orbita um sistema triplo de estrelas, denominado Alpha Centauri. Suas companheiras estelares são Alpha Centauri A e B.
Sistema triplo Alpha Centauri. Podemos ver Alpha Centauri a (esquerda) e b (direita) claramente. A posição de Proxima Centauri está indicada pelo circulo vermelho. Por ser menor e menos brilhante, não é possível observá-la nessa imagem.Fonte: Wikipedia
O sistema triplo, que é considerado próximo de nós quando se trata de escalas astronômicas, já parece interessante por si só. Mas o quadro ainda não está completo. Sabíamos que Proxima Centauri possuía ao menos dois planetas: Proxima b e Proxima C. Nesta semana, o quadro da família foi ampliado: um novo planeta foi detectado orbitando Proxima Centauri.
Impressão artística de Proxima dFonte: ESO
Pelas regras de nominação de exoplanetas, o nome do novo integrante é Proxima d. A ordem alfabética não é referente à distância entre planeta e estrela, mas sim por ordem de descoberta. No caso, Proxima d é o planeta mais próximo de sua estrela, demorando apenas 5 dias terrestres para completar uma órbita completa! O exoplaneta é também o mais leve já detectado usando a técnica de velocidade radial, com apenas 1/4 da massa terrestre.
A técnica de velocidade radial consiste em detectar movimentação na estrela devido a perturbações gravitacionais dos seus planetas. Pela premissa, essa técnica é mais sensível à detecção de exoplanetas pesados. Por conta disso, a detecção de um exoplaneta tão leve usando essa mesma técnica é sinal de grande avanço para área, já que esses exoplanetas são esperados a serem mais abundantes e com maior potencial de sustentar vida.
Ilustração do método de velocidade radial para detecção de exoplanetasFonte: Wikimedia commons
Apesar disso, Proxima d não é considerado um candidato a hospedar vida, estando fora da zona habitável da estrela. Essa zona é a distância até a estrela necessária para hospedar água liquida na superfície e, potencialmente, hospedar vida como conhecemos. Um planeta estar a essa distância não significa necessariamente nem que ele possua água ou que hospede vida. Mas é um candidato com potencial para ambos. Mas não há motivo para desânimo. No quadro da família Proxima Centauri, já detectamos um planeta nessa região, o Proxima b.
Impressão artística de Proxima b, na zona habitável de Proxima CentauriFonte: ESO
É animador ver como a estrela mais próxima, possivelmente a primeira que iremos visitar em explorações espaciais, já possui 3 pontos turísticos cheios de novas realidades!
Apesar disso. Vale sempre lembrar que não existe Planeta B para nós. O planeta Terra é o único planeta conhecido a hospedar vida no Universo. Planos para transportar parte da população para outros planetas em caso de catástrofes são inviáveis atualmente e para as próximas décadas. Isso significa que, apesar de ser animador a chance de conhecer e imaginar como são esses novos mundos, precisamos também nos certificar que a habitabilidade na Terra será possível pelos próximos milhares de anos!
Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila.
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