Tem quem goste do cafézinho da manhã puro. Outros preferem o café adoçado e há aqueles inclinados a pedir um café com leite. Não importa qual seja a escolha, ela pode estar mais associada à genética do que se pensava.
Um novo estudo, publicado na revista científica Scientific Reports, que pertence à editora Nature, revelou que nossos genes interferem na preferência por gostos amargos. Os mesmos resultados valem na hora de apreciar o chá ou escolher seu chocolate favorito.
Sua preferência de café pode estar no DNAFonte: Shutterstock
A pesquisa foi feita conduzida em ambos Reino Unido e Estados Unidos. Quase 300 mil voluntários preencheram questionários sobre suas condições de saúde e estilo de vida, incluídas perguntas sobre a dieta e preferência alimentar. Em seguida os pesquisadores analisaram o material genético de alguns participantes
Existem genes associados à preferência por gosto. Os cientistas esperavam encontrar genes inclinados aos sabores amargos nos apreciadores de café amargo. Mas, surpreendentemente, não houve essa relação.
Plot twist
Os pesquisadores observaram que os bebedores de café forte possuem varições genéticas que levam à maior capacidade de metabolizar a cafeína.
Isso pode estar associado ao fato de que, nessas pessoas, o efeito do estimulante passe mais rápido. Como estamos acostumados a associar a concentração de cafeína com o amargor, a tendência daqueles de metabolismo mais rápido é buscar a bebida com sabor forte.
“Nossa interpretação é que essas pessoas equiparam o amargor natural da cafeína a um efeito de psicoestimulação. Eles aprendem a associar a amargura à cafeína e ao impulso que sentem. Estamos vendo um efeito aprendido”, diz Marilyn Cornelis, professora de medicina preventiva em nutrição da Universidade Northwestern, Estados Unidos.
Questão de saúde
Analisar a preferência individual por gostos não é útil apenas pra campanhas de marketing, mas uma questão de saúde. Hábitos alimentares estão intimamente relacionados com o desenvolvimento de doenças.
O consumo excessivo de chocolate pode levar à diabetes e está associado até a alguns tipos de câncerFonte: Shutterstock
O consumo exagerado de café e chocolate amargo pode estar relacionado, por exemplo, com o desenvolvimento de Parkinson. Além dessa, moderar a presença desses alimentos pode ajudar a reduzir o risco de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e até alguns tipos de câncer.
Esses estudos permitem compreender melhor os hábitos de consumo das pessoas, ei sso é importante para delinear as políticas públicas de saúde coletiva.
“Beber café puro ou café com leite e açúcar é muito diferente para a sua saúde”, afirma Cornelis. “Portanto, estamos nos aprofundando em uma maneira mais precisa de medir os reais benefícios para a saúde dessa bebida e de outros alimentos."
ARTIGO Scientific Reports: doi.org/10.1038/s41598-021-03153-7
Fontes