O sildenafil, um medicamento mundialmente conhecido sob o nome Viagra, usado no tratamento da disfunção erétil, e também como Revatio, usado em pacientes com hipertensão arterial pulmonar (HAP), acaba de ganhar possíveis novas aplicações: a prevenção e o tratamento da doença de Alzheimer (DA).
Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira (6) na revista científica Nature Aging mostrou que a prescrição da droga pode reduzir o risco de desenvolver esse tipo de demência.
A conclusão foi construída com base em uma prova de conceito (modelo prático) da pesquisa de medicamentos com base em endofenótipos, ou seja, das características mensuráveis que se situam entre a doença e a constituição genética dos indivíduos (genótipo). Dessa forma, a pesquisa analisou dados farmacoepidemiológicos de sinistros de seguro de 7,23 milhões de indivíduos nos EUA.
Liderada por Feixiong Cheng, professor de Medicina Molecular da Case Western Reserve University de Cleveland nos EUA, a equipe utilizou um novo modelo de abordagem computacional, que cruzou dados genéticos e dados biológicos para construir 13 "módulos de endofenótipos" de doenças com assinaturas biológicas de DA.
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Como é feito um estudo endofenotípico?
Os 13 módulos obtidos foram, por sua vez, mapeados em uma rede ampliada de 351.444 interações "proteína-proteína" humana. Dentro da rede, as proximidades geraram pontos para mais de 1,6 mil medicamentos aprovados pela FDA, onde uma pontuação mais alta significa que aquele princípio ativo interage com vários alvos moleculares dentro dos módulos ligados especificamente à DA.
Após ajustes para idade, sexo, raça e comorbidade da doença, o trabalho resultou em quatro coortes de drogas testadas (diltiazem, glimepirida, losartana e metformina) que, "filtradas" por escores de propensão, confirmaram que o sildenafil está associado de forma significativa com uma redução do risco de DA em todas os quatro conjuntos de medicamentos. Após seis anos de acompanhamento, o uso de sildenafil resultou em redução de 69% nos diagnósticos de DA.
No entanto, como o desenho do atual estudo não consegue demonstrar uma relação causal entre o uso do medicamento e o risco de DA, alertam os autores, estudos mais robustos ainda serão necessários para avaliar a eficácia do sildenafil nesse aspecto.
Transtorno que afeta centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, a doença de Alzheimer (DA) não tem atualmente uma forma de tratamento eficaz.
ARTIGO Nature Ageing: doi.10.1038/s43587-021-00138-z