*Este texto foi escrito por uma colunista do TecMundo; saiba mais no final.
A pergunta parece fácil, mas a resposta incomoda muita gente. Quem nasceu antes de 2000 vai responder nove. E quem nasceu depois provavelmente vai responder oito.
Sol e planetas oficiais do Sistema Solar. Em escala de tamanho e fora de escala em distâncias.Fonte: Wikipedia
A verdade é que desde a reunião da União Astronômica Internacional de 2006 (IAU, em inglês), a resposta correta é 8. Temos 8 planetas oficiais no Sistema Solar. Há 15 anos, Plutão foi reclassificado como planeta anão-duplo. Mas ele manda lembranças que para ele tanto faz. De fato, nada mudou para o objeto celeste. Plutão segue, fisicamente, da mesma forma. Na mesma órbita, com a mesma massa, exatamente igual. A gente só o classifica de forma diferente.
Mas afinal, por que precisamos de uma reclassificação?
Com o avanço tecnológico dos telescópios, mais e mais objetos foram descobertos no Sistema Solar. E muitos desses eram semelhantes a Plutão. Isso se tornou um problema pois seria impraticável estudarmos o Sistema Solar com mais de 50 planetas. Então, em 2006 chegou-se a uma classificação oficial de planetas. E o que o objeto precisa ter para ser classificado como tal. São essas:
- Precisa orbitar uma estrela. No nosso caso, o Sol.
- Precisa ser redondo. Apenas um objeto com massa suficiente alcança o equilíbrio hidrostático, adquirindo um formato redondo. Então em outras palavras, precisa ter massa suficiente.
- Precisa ter limpado sua órbita. Em outras palavras, ser o objeto dominante. Planetas possuem luas, isso não é um problema desde que o planeta seja hierarquicamente o astro dominante. E esse não é o caso de Plutão.
Plutão tem uma companheira, Caronte, que até então era considerada a sua lua. Acontece que Caronte tem uma massa bem próxima da de Plutão. Próxima o suficiente para falarmos que não é Caronte que orbita Plutão, mas um orbita o outro e fazem uma dança em torno do centro de massa. Depois de 2006, o sistema passou a ser considerado de "planetas-anão duplo".
Imagem da missão New Horizonts de Plutão (esquerda) e Caronta (direita), hoje classificados como planetas-anão duplo.Fonte: APOD
Mas e o tal do "Planeta X"?
A história parece não ter acabado por aqui. Em 2015, cientistas da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), nos Estados Unidos, notaram que existe uma tendência no cinturão de Kuiper. Essa tendência seria de objetos se aglomerarem.
Com modelos, eles mostraram matematicamente que essa aglomeração pode ser uma consequência de uma ressonância. E essa ressonância poderia ser explicada por um possível planeta com 10 vezes a massa da Terra e 20 vezes mais distante que Netuno! Eles até apelidaram esse objeto como Planeta X, que levaria entre 10.000 e 20.000 anos terrestres para completar sua órbita ao redor do Sol.
Concepção artística do Planeta X, com Sol ao fundo como ponto mais brilhante.Fonte: NASA
Não seria a primeira vez que um planeta teria sido descoberto primeiro matematicamente e depois através de observações. Esse foi o caso de Netuno também. Mesmo animados, os cientistas líderes da pesquisa afirmam que isso não representa nem evidência nem detecção. É preciso ser cauteloso. Esse seria apenas o primeiro passo para começar a caça ao nono planeta. O novo nono planeta. Detectar um planeta a essa distância seria incrivelmente difícil, já que o astro não possui luz própria.
Será que no fim, o Sistema Solar vai seguir com nove planetas?
Objetos do Sistema Solar.Fonte: APOD
Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila.
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