Nesta última segunda-feira (29), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou a aprovação de um novo medicamento 2 em 1 para o tratamento contra o HIV. Trata-se de uma combinação entre as substâncias lamivudina e dolutegravir sódico em um só comprimido.
A companhia ViiV Healthcare, um braço da farmacêutica GSK, é a responsável pelo desenvolvimento do remédio, nomeado Dovato. Segundo a empresa, o medicamento reduz a quantidade de antirretrovirais (ARV) usados pelos pacientes, mantendo a eficácia e a alta barreira à resistência de tratamentos com mais substâncias.
De acordo com informações da bula, a fórmula pode ajudar a reduzir a quantidade de vírus do HIV no organismo, mantendo-a em níveis baixos. O uso do medicamento também faz aumentar a concentração de células CD4, uma categoria de glóbulo branco do sangue que faz a manutenção do nosso sistema imunológico e evita infecções.
Desde 1996, o Brasil oferece ARVs gratuitos e, desde 2013, garante tratamento para todas as pessoas com HIVFonte: Shutterstock
Dupla medicação contra o HIV
“Dovato contém duas substâncias ativas que são usadas no tratamento da infecção pelo HIV: dolutegravir e lamivudina. O dolutegravir pertence ao grupo de medicamentos antirretrovirais chamados inibidores de integrase (INs). A lamivudina pertence a um grupo de medicamentos antirretrovirais denominado inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos (ITRNs)”, diz a bula do remédio.
Explicando de outra forma: enquanto o dolutegravir é responsável por impedir que o código viral realize uma integração genética com as células humanas, o lamivudina impede a multiplicação do HIV no organismo.
“O medicamento poderá ser indicado como um regime completo para o tratamento da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1) em adultos e adolescentes acima de 12 anos pesando pelo menos 40 kg, sem histórico de tratamento antirretroviral prévio ou em substituição ao regime antirretroviral atual em pessoas com supressão virológica”, a Anvisa afirmou em comunicado oficial.
Tratamento gratuito no Brasil
O objetivo do remédio é fazer a manutenção do tratamento dos pacientes de HIV sem a necessidade do uso de muitos medicamentos, possibilitando efetividade aliada a uma menor toxicidade do organismo. De qualquer forma, é relevante ressaltar que ainda não existe cura para o HIV, por isso, a prevenção é sempre mais importante.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito, independente da carga viral dos pacientes — inclusive, o país é referência internacional. Mensalmente, o governo distribui o [3 em 1] Tenofovir, Lamivudina e Efavirenz em um só comprimido, ou Tenofovir e Lamivudina numa só drágea com adição de uma pílula de Efavirenz.
Atualmente, existem 19 tipos de antirretrovirais no BrasilFonte: Shutterstock
Além de oferecer gratuitamente testes, camisinhas e campanhas de educação sexual, o SUS também conta com tratamentos para prevenção (PrEP) e para aqueles expostos ao vírus há menos de 72 horas (PEP).
A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) é um método de prevenção que consiste na ingestão de um comprimido diário para impedir a infecção do vírus no organismo caso a pessoa entre em contato com o vírus — o método é mais indicado para grupos com comportamento de risco. Já a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é um tratamento de urgência para pessoas expostas ao HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis, combinando medicamentos para reduzir o risco da infecção — nesse caso, o paciente deve realizar o tratamento preferencialmente nas duas primeiras horas após o contato e, no máximo, em até 72 horas.
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