Fabricante de um dos ketchups mais amados no planeta Terra, a norte-americana Heinz prepara o terreno para se tornar a preferida também no planeta Marte. Em um comunicado divulgado na segunda-feira (8), a empresa anunciou que conseguiu colher os primeiros tomates cultivados sob as mesmas condições do solo do Planeta Vermelho, frutos de uma parceria com o Instituto Espacial Aldrin, do Instituto de Tecnologia da Flórida (Florida Tech), nos EUA.
O experimento foi a primeira parte de uma cooperação de dois anos entre os pesquisadores da Florida Tech e os Mestres Tomateiros da Heinz para a produção de um artigo científico, já submetido à revisão por pares, para explorar os desafios e oportunidades para a produção de alimentos no planeta Marte. O objetivo geral do estudo foi pesquisar formas de sustentar a raça humana durante muitas gerações em outros planetas.
Embora a perspectiva da instalação de uma colônia humana no Planeta Vermelho possa estar ainda a décadas de distância, a Heinz trabalhou com 14 astrobiólogos do Aldrin Space Institute para realizar o que pode ser chamado de primeiro teste de agricultura fora do nosso planeta. Para chegar a esse resultado, os tomates foram cultivados em solo semelhante ao regolito de Marte, aquela poeira seca praticamente sem nutrientes que recobre o planeta.
Metodologia da pesquisa dos 'tomates marcianos'
Futuras missões a Marte poderão levar sementes dos Tomates Heinz. (Fonte: NASA/JPL-Caltech/Divulgação.)Fonte: NASA/JPL-Caltech
De acordo com Andrew Palmer, pesquisador-líder da equipe do Aldrin Space Institute, a diferença desse experimento em relação a outros do tipo foi que as tentativas anteriores "eram estudos de crescimento de plantas de curto prazo. O que este projeto fez foi olhar para a colheita de alimentos no longo prazo".
A princípio, foram escolhidos dois tipos de sementes e foi feita uma cultura desses tomates em larga escala sob condições especiais. Para isso, foi construída, no terreno do Instituto de Tecnologia da Flórida, uma estufa sob medida apelidada de "Redhouse", que imitava as condições de bioma que os seres humanos enfrentariam ao tentar cultivar algum tipo de alimento em Marte.
Para isso, foi instalada uma iluminação artificial por LED, sobre um montante de cerca de 3,5 mil kg de regolito análogo ao marciano. "O solo que usamos na Terra está cheio de microrganismos e fungos que melhoram a condição do solo e facilitam o crescimento das plantas, e os regolitos de Marte [solo] têm uma composição muito diferente", diz Palmer.
A colheita de Tomates Heinz à moda marciana
Para vivenciar essa verdadeira odisseia agrícola no espaço, um time de 14 cientistas e estudantes passaram cerca de duas mil horas, durante nove meses, trabalhando em conjunto com os tomateiros da Heinz. O projeto teve uma duração total de dois anos para aperfeiçoar a cultura.
O chefe de agricultura da Kraft Heinz, Gary King, reconheceu que um dos maiores desafios enfrentados pela sua equipe foi "como crescer em condições de solo menos ideais, e este projeto pode ter nos ajudado a descobrir maneiras de resolver esse problema”. Para Palmer, "alcançar uma safra de qualidade para se tornar Heinz Tomato Ketchup era o resultado dos sonhos". E, juntos, eles conseguiram.
O pesquisador Andrew Palmer segura um 'tomate marciano' (Fonte: Florida Tech/Reprodução.)Fonte: Florida Tech
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