A NASA anunciou na terça-feira (9) que está adiando em pelo menos um ano o seu prazo originalmente previsto para o retorno de astronautas norte-americanos à superfície lunar. O tão esperado desembarque, estabelecido em uma linha do tempo pelo ex-presidente Donald Trump como 2024, ocorrerá somente no ano seguinte, segundo o ex-senador Bill Nelson, escolhido para comandar a agência aeroespacial americana pelo atual presidente Joe Biden.
Ao comunicar oficialmente o atraso da missão, Nelson alegou a princípio problemas orçamentários, pois o Congresso ainda não liberou dinheiro suficiente para o desenvolvimento de um sistema de aterrisagem para o programa lunar Artemis, sem contar uma suplementação de US$ 2,6 bilhões (R$ 14,25 bilhões) necessária no desenvolvimento da cápsula Orion.
Montagem da Cápsula Orion, que será usada na missão Artemis III, em montagem no Michoud Assembly Facility, em Nova Orleans (créditos: NASA/Eric Bordelon)
Finalmente, ocorreu o processo legal da empresa de foguetes Blue Origin, de Jeff Bezos, sobre o desenvolvimento do módulo lunar, a ser construído pela SpaceX . “Perdemos quase sete meses em litígios", afirmou Nelson. Para ele, isso fez com que a NASA necessite de discussões aprofundadas com a empresa de Elon Musk para definir um plano mais detalhado da nova linha do tempo.
Do mundo da Lua para o mundo real
Embora adiar o desembarque lunar para 2025 dê à NASA um certo "respiro", a programação continua ainda muito apertada. Em agosto, quando entrevistamos aqui no TecMundo o astronauta Charles Duke, em passagem por São Paulo para abertura de uma exposição, ele negou categoricamente que seres humanos pudessem retornar à Lua até 2024. Décimo ser humano a pisar no nosso satélite natural, Duke admitiu, no entanto, que a viagem tripulada possa ocorrer ainda nesta década.
Depois de se sair vitoriosa, na semana passada, contra a Blue Origin que tentava embargar a contratação da SpaceX, a NASA retornou aos trabalhos de seleção de empresas adicionais para a construção de sondas lunares que abrigariam missões de rotina na superfície da Lua após os dois primeiros voos das naves Starship da SpaceX. Mas, para isso, a agência necessita de um investimento de US$ 5,7 bilhões nos próximos seis anos.
A NASA também precisa "esticar" o orçamento original das cápsulas Orion, de US $ 6,7 bilhões para US $ 9,3 bilhões, em virtude de dificuldades naturais surgidas, como os atrasos relativos à pandemia da covid-19 e os danos causados pelo furacão Ida, em agosto, nas instalações de montagem Michoud em Nova Orleans. Só os custos com o Sistema de Lançamento Espacial (SLS) no ano que vem são de US$ 11 bilhões (R$ 60 bilhões).
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