O conselho do CERN (Organização Europeia para Pesquisa Nuclear) aceitou, nesta sexta-feira (24), por unanimidade, o Brasil como membro associado. Agora, o Senado deve ratificar o acordo que o governo brasileiro está fechando com a instituição europeia.
A informação foi confirmada pelo diretor do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), o físico Ronald Cintra Shellard.
Um dos principais centros de pesquisa do mundo, o CERN é um centro de tecnologias complexas para o estudo das partículas que constituem a matéria e a chamada física de altas energias. É ali que está o LHC (Grande Colisor de Hádrons), o maior acelerador de partículas do mundo. No campo da física, o CERN é considerado a principal instituição científica no mundo.
O Globo da Ciência e Inovação no CERN, em Genebra, na Suíça (créditos: Dominionart/Shutterstock)
Como país associado, o Brasil poderá expandir ainda mais sua atuação no centro de pesquisas e terá acesso a oportunidades de colaboração industrial e tecnológica.
Segundo o MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), mais de cem cientistas brasileiros usaram as instalações do CERN para suas pesquisas somente no ano de 2019. Os brasileiros, atualmente, usam o CERN por meio de um acordo de cooperação internacional.
“A entrada do Brasil como membro associado vai significar mais regularidade e previsibilidade para os aportes de recursos para a ciência, isso vai ter impacto no desenvolvimento de instrumentação científica e na inovação", diz Shellard, que trabalhou no CERN no início dos anos 90.
“Quando os físicos estudam buracos negros ou a interação da matéria, na prática avançam no desenvolvimento da instrumentação [para realizar os experimentos], e a indústria se beneficia muito disso", afirma Shellard.
Segundo o físico, o novo status do Brasil no CERN pode abrir portas para que empresas nacionais aprendam mais e sejam capazes de receber e ajudar a desenvolver tecnologias criadas no centro de pesquisas.
Em agosto deste ano, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, havia visitado a instituição, que tem sua sede em Genebra, na Suíça. Desde 2010, o CERN aceita que países não europeus possam se tornar membros associados, e a missão brasileira teve o objetivo de estreitar os laços com a rede de pesquisa.
Segundo Shellard, a comunidade científica brasileira vem trabalhando para essa inclusão há cerca de 11 anos.
Criado em 1953, o CERN conta com 23 países membros e sete membros associados, incluindo Índia e Ucrânia. Hoje, Chipre, Estônia e Eslovênia estão em estágio de pré-filiação, status que o Brasil também deve receber após a finalização do acordo.