*Este texto foi escrito por uma colunista do TecMundo; saiba mais no final.
Você já ouviu o termo Exoplanetas e se perguntou o que pode ser? O prefixo "exo" não é de exótico — isso não impede que eles sejam planetas super exóticos —, mas sim de "fora". Fora da onde? Do nosso Sistema Solar. Exoplanetas nada mais são que planetas, como na nossa vizinhança, mas orbitando outras estrelas!
Representação artística de diferentes sistemas planetários (fora de escala)Fonte: Wikipedia
Dentro do nosso Sistema Solar, de acordo com a definição oficial de planeta de 2006, temos 8 planetas apenas. Sim, a mesma definição que destituiu Plutão do cargo. Resumindo a definição atual da União Astronômica Internacional, um planeta deve:
- Orbitar uma estrela
- Ter equilíbrio hidrostático (ser uma esfera)
- Ser o corpo celeste dominante em sua orbita
Hoje não consideramos Plutão um planeta pois ele não atende ao quesito número 3. Sabemos que Plutão tem uma companheira, Caronte, quase do seu tamanho. O sistema unido é considerado uma dupla de planetas-anão.
Sistema duplo de planeta-anão: Plutão e CaronteFonte: APOD
Mas, indo para fora do Sistema Solar, hoje já conhecemos mais de 4.500 exoplanetas! Além desses, existem mais de 7.000 candidatos a serem confirmados — ou não. A primeira confirmação da detecção de um exoplaneta foi feita em 06 de Outubro de 1995 pelos pesquisadores da Universidade de Geneva, Michel Mayor e Didier Queloz. Ambos dividiram o prêmio Nobel de Física de 2019 pela descoberta! A detecção do exoplaneta ao redor da estrela 51-Pegasi utilizou do método de velocidade radial. Isso significa que a presença do planeta altera o movimento da estrela. Essa alteração, seguindo as leis da física, nos informa a presença desse planeta, tanto quanto sua massa e distância até a estrela.
Além desse método, hoje existem outras formas de detectar exoplanetas. Alguns dos mais conhecidos, além da velocidade radial, são imageamento direto e trânsito planetário.
O imageamento direto, como o nome sugere, é quando observamos o exoplaneta diretamente. Para isso acontecer, é necessário bloquear a luz da estrela, já que essa ofusca a presença do planeta. Um exemplo clássico é o sistema HR 8799, abaixo. Ao centro, podemos notar uma esfera vazia, que é onde está a estrela coberta. Além disso, pode-se observar o movimento de 4 pontos brilhantes, que são 4 planetas orbitando a estrela em tempo real!
Sistema planetário HR 8799, com 4 exoplanetasFonte: Wikipedia
Já o segundo método é o trânsito planetário. Esse fenômeno se dá quando o planeta passa em frente de uma estrela, bloqueando parte da sua luz. O trânsito também acontece no Sistema Solar com Mercúrio e Vênus, que estão em posições mais internas. Essa técnica foi a primeira responsável pela detecção em massa de exoplanetas com o Telescópio Espacial Kepler. Com o monitoramento constante da luz de estrelas, foi possível detectar variações ciclicas de brilho, representando o transito de exoplanetas!
Diferentes snapshotst do trânsito de Mercúrio. Os pontos pretos no canto superior esquerdo do Sol são o planeta Mercúrio em diferentes momentos do trânsitoFonte: APOD
Com o método de trânsito é necessário detectar a variação no brilho das estrelas mais de uma vez. Isso é para confirmar a presença do exoplaneta. A primeira detecção gera um candidato a exoplaneta. A segunda nos diz seu período orbital. Ou seja, quanto tempo leva para o exoplaneta completar sua orbita. Com o período orbital, os astrônomos podem prever o terceiro trânsito. Caso esse seja confirmado, temos a confirmação da detecção do exoplaneta!
Com mais de 4.500 exoplanetas confirmados e 7.000 candidatos, é inevitável se questionar: estamos sozinhos no Universo?
Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila
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