A plataforma de monitoramento Info Tracker, mantida por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp), mostrou que a esmagadora maioria dos óbitos por covid-19 no Brasil neste ano são de pessoas que ainda não tinha sido vacinadas.
Um estudo que acompanhou todas as mortes causadas por coronavírus entre janeiro e julho apontou que 9.878 pessoas que faleceram pela doença já estavam imunizadas, o equivalente a 3,68% do total de mortes por covid-19 no mesmo período. O levantamento foi realizado com base nos números divulgados pelo Ministério da Saúde.
O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da USP, afirma que a vacinação mudou o perfil dos óbitos e casos graves no município de São Paulo. “Nós vemos que começou a cair, primeiro entre os acima de 80 anos, depois entre os 70 e 79 e agora entre 60 e 69 anos”, afirmou em entrevista à rádio USP.
Nos Estados Unidos, a doença também atinge de forma mais grave os não vacinados. Uma pesquisa publicada em junho, realizada pela agência de notícia Associated Press com dados do governo americano, mostrou que 99% das pessoas que morreram com a doença em maio não tinham completado a vacinação.
Os dados confirmam que a ampliação da vacinação contra o SARS-CoV-2, independente do imunizante utilizado, é uma medida eficiente para reduzir o número de casos graves, internações e mortes causados pela covid-19.
Para que a imunização possa ter um efeito mais amplo na população e evitar mais óbitos pela doença, a vacinação tem de ser acelerada. “Se nós tivéssemos começado em dezembro, nós poderíamos ter evitado muita coisa, em especial essa segunda onda que tem sido mortal”, destaca Lotufo.
Medidas preventivas ainda são necessárias
Apenas 22,5% da população brasileira está imunizada contra o Sars-Cov-2. (Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre/Cristine Rochol/Reprodução)Fonte: Prefeitura Municipal de Porto Alegre/Cristine Rochol/Reprodução
Apesar da redução de mortes, o epidemiologista orienta que as medidas preventivas ainda não devem ser abandonadas. “As atitudes de distanciamento social relaxaram em demasia nos últimos tempos. Isso é preocupante, porque nós temos a perspectiva de entrada de mutações”, alerta.
Lotufo destaca que, ainda que haja uma preocupação grande com a chegada no Brasil da variante delta, que tem origem na Índia, o país está mais suscetível a entrada de outras cepas originadas em regiões mais próximas. A lamdba, oriunda do Peru, já tem casos confirmados no Amazonas e Paraná, enquanto a epsilon, encontrada pela primeira vez no sul da Califórnia, ainda não chegou ao Brasil.
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