O bilionário fundador da Amazon de 57 anos, Jeff Bezos, realizou na manhã desta terça-feira (20) um outro feito notável, além de ser o homem mais rico do mundo: fez a sua primeira viagem espacial, a bordo da aeronave New Shepard construída pela sua companhia, a Blue Origin.
A New Shepard decolou às 10h12 (horário de Brasília) e teve uma duração aproximada de dez minutos. Projetada para ser guiada por condução autônoma, isto é, sem o uso de pilotos, a missão da Blue Origin decolou de um deserto no estado do Texas, nos Estados Unidos, e foi inteiramente bem-sucedida.
Ao lado de Jeff Bezos, estavam presentes também seu irmão, Mark Bezos, e a pessoa mais velha e a mais nova a viajarem ao espaço: a aviadora estadunidense, Wally Funk, de 82 anos, e o jovem holandês de 18 anos Oliver Daemen.
Tripulação da New Shepard em frente ao foguete, no Texas.Fonte: Blue Origin
A New Shepard realizou um voo suborbital espacial, ou seja, um voo que atinge o espaço, mas que, entretanto, não realiza uma órbita completa ao redor da Terra. Neste tipo de voo, a aeronave atinge uma altitude igual ou superior a 100 quilômetros, limite conhecido como Linha de Karman, que delimita a atmosfera da Terra e o espaço.
A altitude foi escolhida pela Federação Aeronaútica Internacional (FAI, da sigla em francês Fédération Aéronautique Internationale) porque é a região aproximada em que uma aeronave ou foguete, voando rápido o suficiente para aguentar seu próprio peso com sustentação aerodinâmica da atmosfera da Terra, estaria voando mais rápido do que a velocidade orbital. Voos abaixo deste limite são por vezes chamados de voos suborbitais, mas não são voos espaciais.
Perfil de voo da New Shepard.Fonte: Blue Origin
Pouso perfeito
A aeronave de Bezos, cujo nome homenageia Alan Shepard (primeiro estadunidense a ir ao espaço 60 anos atrás, em 1961) realizou nesta manhã o 16º voo da Blue Origin, porém, foi o primeiro com passageiros civis a bordo. Três minutos após a decolagem, o módulo com os passageiros foi desacoplado do propulsor e continuou subindo até cruzar o limite dos 100 quilômetros.
Enquanto os passageiros na cápsula passavam cerca de três minutos de voo livre, experimentando e curtindo a sensação de falta de peso e uma vista única do nosso planeta, o propulsor da New Shepard retornava de forma controlada à Terra, religando os motores e direcionando a propulsão para o sistema de freios, até pousar na vertical, de forma similar ao Falcon 9, da SpaceX.
Tripulação da New Shepard em voo livre no espaço.Fonte: Blue Origin/Reuters
Em seguida, terminado os preciosos minutos de voo livre, a cápsula retornou à Terra em queda livre, amortecendo o peso e reduzindo a velocidade de descida com o auxílio de três grandes paraquedas, até pousar no solo suavemente às 10h22. Ao saírem da cápsula, todos os passageiros aparentavam estar bem.
Cápsula da Blue Origin retorna em segurança à Terra.Fonte: Tony Gutierrez/AP
Embora possuam interesses e objetivos similares para fomentar o turismo espacial, muitas características diferem o voo de Jeff Bezos do voo realizado na semana passada por Richard Branson e a empresa aeroespacial rival, Virgin Galactic. No dia 11 de julho deste ano, foi realizado o primeiro voo suborbital da Virgin Galactic, que também contava com seu fundador a bordo.
Ao contrário do voo da Blue Origin, Branson foi ao espaço a bordo de um avião não-convencional acoplado a uma unidade de foguete chamada VSS Unity, que se desprendeu do porta-aviões e seguiu em direção ao limite entre a atmosfera e o espaço. Além disso, Branson experimentou uma maior experiência de voo livre e o voo total, entre subida e descida, durou mais de uma hora. Bezos, porém, chegou mais alto, passando um pouco dos 100 quilômetros de altitude, enquanto Branson ficou em uma altitude aproximada de 89 quilômetros.
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