Infelizmente, crianças e adolescentes também estão sujeitos a problemas sérios de saúde, como doenças cardiovasculares e alterações da pressão, como hipertensão e hipotensão. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hipertensão, 3,5 milhões de crianças no Brasil têm pressão alta. Além de causas genéticas, como a hereditariedade, o estilo de vida atual pode estar fazendo esses números aumentarem ainda mais.
Pais precisam redobrar sua atenção, já que, no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte: mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa.
Alterações de pressão podem levar a uma série de outras doenças e devem ser tratadas com atenção em todas as faixas etárias.Fonte: PxHere
Alimentos com excesso de sódio, como ultraprocessados e os vendidos em fast foods, uso de drogas ilícitas e abuso de álcool têm contribuído para o desenvolvimento entre camadas cada vez mais jovens da sociedade, conforme alertou o médico Sérgio Timerman, diretor do Centro de Parada Cardíaca e Ciência da Ressuscitação do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Incor), em entrevista ao jornal da USP.
Timerman alertou ainda para o fator hereditário: "Não podemos esquecer que na grande maioria das vezes a doença é hereditária. A hereditariedade são filhos de pais, netos e tios que já têm hipertensão e a maior probabilidade de desenvolvê-la", disse o especialista.
Sob pressão
Alterações de pressão podem passar despercebidas, é preciso de atenção especial no caso de crianças e adolescentes.Fonte: Stockking/Freepik
A oscilação da pressão está relacionada à força com a qual o coração bombeia o sangue para a circulação, levando oxigênio e nutrientes. "A pressão é a força com a qual o sangue atinge as paredes das artérias do corpo", explicou o médico.
"O equilíbrio da pressão é bastante delicado", Timerman salientou, e há duas formas de alteração: a hipertensão, ou pressão alta, e a baixa, chamada de hipotensão. Muitas vezes, essas alterações podem não causar sintomas – e por esse motivo é necessário tomar muito cuidado.
Pressão baixa
A situação acontece quando a pressão fica abaixo de 9 por 6. A alteração, segundo Timerman, “deve ser tratada por toda a vida, acompanhada de medidas dietéticas, com mudanças de hábitos e estilo de vida. Seus sintomas podem aparecer quando há uma desidratação ou a temperatura ambiente está muito elevada, o que dilata as artérias, fazendo com que haja a necessidade de mais força para bombear o sangue”.
Como principais sintomas, a pessoa fica tonta, com a sensação de que vai desmaiar. O médico também explicou que o mesmo acontece quando a pessoa está deitada e levanta muito rápido, sentindo tontura. No entanto, a hipotensão não é considerada uma doença, mas sim um indicativo de doença.
Pressão alta
Diferentemente da hipotensão, a hipertensão é considerada uma doença crônica. Quase sempre incurável, precisa de tratamento para evitar complicações. Embora muitas vezes mudanças simples possam contribuir para a reversão do quadro, há muitos casos em que somente medicação pode controlar a doença e evitar complicações.
No caso de crianças, nem sempre é a hereditariedade que causa o problema. “A obesidade infantil é um fator diretamente relacionado com o problema. Alguns pacientes jovens podem apresentar uma causa secundária, como um estreitamento da artéria do rim ou da aorta e algumas alterações metabólicas, como apneia do sono e pequenos tumores benignos. Tratados esses problemas, é possível reverter a hipertensão secundária”, disse Timerman.
Se a hipertensão não for controlada corretamente, pode ser causa de problemas maiores, como infarto, AVC e problemas renais – que geralmente levam a outras complicações. Por esse motivo, detectar o problema ainda no início e manter a doença controlada são fatores essenciais para manter a saúde em dia – em todas as faixas etárias.