Nota técnica do Ministério da Saúde obtida pelo Estadão e publicada nesta sexta-feira (7) revela que o governo federal considera a compra de 100 milhões de doses extras da vacina da Pfizer contra a covid-19, pagando um preço cerca de R$ 1 bilhão mais alto do que o valor pago anteriormente.
No documento obtido pelo jornal, assinado por Laurício Cruz, diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, o novo valor unitário por dose cobrado pela farmacêutica americana é de US$ 12 (cerca de R$ 63 em conversa direta), preço 20% maior do que o negociado no primeiro contrato, quando o ministério adquiriu a mesma quantidade do imunizante.
Além do extrato de dispensa de licitação publicado na edição de quinta-feira (6) do Diário Oficial da União, no valor global de R$ 6,6 bilhões, o fechamento do contrato também foi anunciado ontem pelo ministro Marcelo Queiroga durante seu depoimento na CPI da covid-19, quando afirmou a “iminência” de fechar o acordo.
Logística complicada
Chegada da vacina d Pfizer em Guarulhos (Fonte: Nelson Almeida/AFP/Reprodução)Fonte: Nelson Almeida/AFP
A vacina em negociação é a mesma rejeitada pelo governo federal no final de 2020, sob a alegação de incluir cláusulas “leoninas” e pouco claras no contrato. Na época o presidente Jair Bolsonaro alertou a população sobre supostos perigos do imunizante, dizendo “se você virar um jacaré, é problema de você”.
A nota técnica que recomenda a renegociação do preço pede que a entrega do novo lote de vacinas seja feita pela Pfizer em duas etapas: uma primeira remessa de 30 milhões de doses entre os dias 1º de julho e 30 de setembro, e o restante entre 1º de outubro e 31 de dezembro.
Outro alerta feito pela equipe do Ministério da Saúde é sobre a logística complicada dessa vacina, que demanda a compra de congeladores (a nota propõe 183) para ser armazenada por até seis meses a uma temperatura entre 60?°C e 80?°C. Caso guardado em refrigeradores comuns, o imunizante da Pfizer sobreviveria apenas cinco dias.
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